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Centrais homenageiam trabalhadores que lutaram contra ditadura

31/01/2014 às 20h20

O ato serviu como forma de repúdio contra a ditadura e o golpe militar, que no dia 1° de abril completará 50 anos

Na foto ao lado, ex-dirigentes do Sindicato dos Químicos do ABC, Chicão Ribeiro e José Drummond (de óculos), presentes no ato para homenagear e serem homenageados pelo combate à ditadura – Foto: Roberto Parizzoti

Por Rodrigo Bruder (ABCD Maior)

Centenas de ativistas e líderes sindicais originários de diversos segmentos do movimento trabalhista reuniram-se na tarde deste sábado (01/02), em São Bernardo, para revisitar a memória política do País e condenar os crimes praticados pela ditadura civil-militar (1964-1985). O palco das manifestações foi o emblemático Teatro Cacilda Becker, por onde passaram mais de 600 pessoas. Uma mesa composta por dez centrais sindicais marcou a unidade do evento.   

Com palavras de ordem pautadas pela bandeira da memória, justiça e reparação, os sindicalistas repudiaram a ditadura, instalada no País há 50 anos, e cobraram ações para que a democracia avance contra os resquícios de violações aos direitos humanos ainda presentes na sociedade.

“A classe dos trabalhadores e o movimento sindical foram as principais vítimas da ditadura. Foram atingidos pela instabilidade nas empresas, restrições às greves, intervenções em sindicatos, arrocho salarial, prisões, torturas, mortes e manipulações de índices da economia”, exclamou o metalúrgico aposentado e ex-deputado estadual e federal, Djalma Bom, que foi um dos idealizadores do ato intitulado Unidos, Jamais Vencidos.

Homenagem – Mais de 400 dirigentes e ativistas sindicais que foram atingidos pela repressão receberam uma homenagem por meio de diplomação. O ato serviu como forma de repúdio contra a ditadura, que no dia 1° de abril completará 50 anos. A manifestação integra uma série de audiências públicas promovidas pelo Grupo de Trabalho ‘Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical’, da Comissão Nacional da Verdade.

A coordenadora nacional da Comissão, Rosa Cardoso, destacou a necessidade de a sociedade conhecer a verdade sobre a instauração do regime ditatorial, que contou com a colaboração de setores civis e empresariais. “Esse golpe foi gestado por um consórcio de civis que não queriam o povo no poder. A ditadura tentou desmantelar os sindicatos. Esses crimes são imprescritíveis”, afirmou.

Djalma Bom reforçou o coro contra a atuação de empresários no financiamento da repressão e perseguição ao movimento operário. “As empresas em São Bernardo transformaram-se em verdadeiros quartéis do Exército.” 

Jango – A memória do ex-presidente deposto João Goulart, o Jango, também foi lembrada. Em discurso efusivo, o filho de Jango, João Vicente Goulart, lembrou que os militares miraram  o movimento operário para impedir o avanço da justiça social. “Não foi um golpe dado contra o presidente Jango, foi um golpe dado contra os trabalhadores, contra as reformas de base. Passados 50 anos  do golpe, ainda precisamos evoluir para o aprofundamento da democracia”, bradou.  

O público ainda pôde reviver o período histórico por meio de manifestações teatrais que lembraram os mecanismos mais pesados dos ditadores, como o AI-5, e um monólogo emocionante sobre as agruras de um “operário em construção”.

Durante o ato os coordenadores do GT dos Trabalhadores distribuíram questionários para os sindicalistas anotarem informações sobre as perseguições nas fábricas e intervenções em sindicatos. Esse instrumento de pesquisa, aliado a um amplo estudo desencadeado pela Comissão Nacional da Verdade em arquivos públicos, servirão de embasamento para a produção de um relatório. A ideia é apurar as formas e métodos do padrão de repressão para os atingidos cobrarem reparação moral e material.

Construção da democracia – O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), reforçou que a realização desse tipo de manifestação unitária no município marca um período histórico.

“É um dia importante para a história do Brasil. Precisamos lembrar aos nossos jovens que a ditadura praticou atrocidades como perseguições, tortura física e psicológica a diversos  trabalhadores e trabalhadoras que se sacrificaram para construir as páginas preciosas do movimento democrático”, disse Marinho. 

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