Em 28 de agosto de 1983, em São Bernardo do Campo, a classe trabalhadora brasileira fundava a central sindical que se tornaria a maior da América Latina
Em 28 de agosto de 1983, 5.059 delegados, representando 912 entidades – 335 urbanos, 310 rurais, 134 associações pré-sindicais e 99 associações de funcionários públicos, cinco federações, oito entidades nacionais e confederações, homens e mulheres do campo e da cidade, de todas as regiões do País, fundaram a Central Única dos Trabalhadores.
Eles ocuparam o galpão que um dia sediou o maior estúdio cinematográfico brasileiro, o extinto Vera Cruz de Mazzaropi, Anselmo Duarte e companhia.
No ABC paulista, berço do novo sindicalismo, o 1º Conclat (Congresso Nacional da Classe Trabalhadora) deu origem à primeira entidade intersindical e intercategorias em nível nacional construída após o golpe militar de 1964.
Na época, o Brasil enfrentava crise econômica com inflação de 150% e índices manipulados desde anos anteriores; devia mais de US$ 100 bilhões ao FMI (Fundo Monetário Internacional).
Um mês antes de a CUT ser fundada, houve greve geral em todo o País – como efeito da recessão, apenas nos dois primeiros meses de 1983, a indústria paulista demitiu 47 mil trabalhadores, quase o total das demissões do ano anterior. O brasileiro vivia sob repressão, recessão, desemprego e com salários achatados e corroídos pelos índices inflacionários.
Um cenário que levou o congresso de fundação da CUT a aprovar as lutas pelo fim da Lei de Segurança Nacional e do regime militar, o combate à política econômica do governo (o general João Batista Figueiredo era o presidente da República, à época), contra o desemprego, pela reforma agrária sob controle dos trabalhadores, reajustes trimestrais dos salários e liberdade e autonomia sindical. Lutava também pelo direito à cidadania e contra o autoritarismo dentro e fora dos locais de trabalho, recheados por “olheiros” da ditadura disfarçados de trabalhadores.
Para o primeiro ano de vida da CUT, foi eleita uma coordenação que elegeu como coordenador-geral Jair Meneguelli, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema (hoje Metalúrgicos do ABC), que estava sob intervenção. Somente em 1984, a CUT elegeu uma direção com chapa completa e seu primeiro presidente também foi Meneguelli.
Começaria então a história de uma central que hoje está presente em todos os ramos de atividade econômica do país, com 3. 806 entidades filiadas, 7.847.077 de associados e 23.981.044 trabalhadores/as na base.
Veja a programação das comemorações no site da CUT