Os trabalhadores e trabalhadoras não permitirão que a luta de milhares pela democratização do país escorra pelo ralo da intolerância
Na sexta-feira, 13 de março, sindicatos, movimentos estudantis e sociais levaram milhares de pessoas em 24 capitais do Brasil para defender nossos direitos, a democracia, a Petrobrás, a Reforma Política, a Democratização da Comunicação contra as tentativas golpistas manipuladas pela grande mídia e pela direita.
Em São Paulo, mesmo com a forte chuva, o movimento reuniu, de acordo com os organizadores, cerca de 100 mil pessoas na Paulista e na caminhada que terminou na Praça da República. A PM estimou em 12 mil. O Data Folha, 41 mil. As estações do Metrô República e Anhangabaú foram fechadas e só reabertas após quase uma hora do término do ato.
No domingo 15, o protesto contra a presidente Dilma foi convocado por parte dos grandes meios de comunicação e teve ampla cobertura na TV. Nas ruas, diferentes discursos, nenhuma alusão aos escândalos de corrupção do metrô, da crise da água e o enorme lucro dos acionistas da Sabesp, nem dos 22 empresários e sete jornalistas brasileiros entre os correntistas do HSBC suíço na lista dos 8.667 brasileiros que, em 2006 e 2007, tinham contas numeradas no banco, e podem indicar fraude fiscal. Alguns até falavam em reforma política e outros pediam uma intervenção militar. Em São Paulo, as catracas do Metrô foram liberadas, ou seja, dinheiro público financiando o movimento golpista.
Nenhum direito a menos
O Sindicato dos Químicos do ABC participou do mega ato do dia 13 com várias lideranças, militância, trabalhadores e trabalhadoras da ativa e aposentados. “Estamos nas ruas porque acreditamos que é urgente uma reforma do sistema político brasileiro, em especial o fim do financiamento privado das campanhas. Não podemos admitir que políticos exerçam seus mandatos defendendo interesses particulares e de uma minoria que explora e saqueia o País”, afirma o presidente do Sindicato, Raimundo Suzart.
Taxação de grandes fortunas
“Se esse país conquistou a democracia foi por conta da classe trabalhadora. Muitas pessoas perderam a vida por isso e sob hipótese alguma a classe trabalhadora vai permitir retrocesso”, afirmou o secretário geral da CUT, Sérgio Nobre. “Todas as vezes em que se elege um governo do campo democrático e popular, os reacionários e golpistas se unificam para tentar derrubar. Porém, o governo precisa mudar alguns ministros neoliberais que nunca tiveram compromisso com a classe trabalhadora e derrubar as Medidas Provisórias (664 e 665) é um bom começo. Para o ajuste fiscal é preciso taxar as grandes fortunas. O recado está dado e agora é continuar as lutas por nossos direitos no Congresso Nacional”, completou.
Querem tomar o petróleo do povo brasileiro
A Operação Lava Jato, deflagrada em março de 2014, revelou um esquema de corrupção na Petrobras envolvendo empreiteiras, políticos e dirigentes da empresa. Mas ao mesmo tempo em que cobram a punição dos criminosos, os movimentos sociais e sindical denunciam o episódio em um caminho para sua privatização.
Para os que tomaram às ruas na sexta-feira 13, o que está em jogo é a lei da Partilha e quem ficará com a riqueza do petróleo e do gás.
“Por que uma empresa que supera recordes de produção e que acabou de se tornar a maior petrolífera de capital aberto do mundo é apresentada na grande mídia como uma empresa que não vale mais nada?”, questiona a coordenadora geral do Sindpetro Unificado SP e secretária de formação da CNQ, Cibele Vieira.
“A Petrobras foi, é e sempre será um símbolo nacional. Depois das privatizações iniciadas por Collor e continuadas por FHC, a Petrobras foi a única empresa industrial brasileira que resistiu. Não vamos nos render aos que querem jogar a Petrobrás na lama para depois compra-la a preço de banana. O povo não é bobo e sabe que defender a Petrobrás é defender o Brasil”, finaliza.