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Dieese: salários perdem para a inflação na maioria das negociações salariais

Escrito por: Redação
26/08/2022 às 22h50

Os salários perdem para inflação. Quem nos mostra isso é o Dieese, por meio do Boletim 23 – “De Olho nas Negociações”.

O acompanhamento que o Dieese faz com das campanhas salariais de várias categorias mostra que, até 10 de agosto deste ano, 47,3% das negociações tiveram resultado abaixo da inflação oficial, medida pelo INPC, enquanto 20,8% dos casos, os reajustes foram iguais à inflação, e 31,8% dos salários tiveram ganhos acima do INPC.

Esse levantamento está no Boletim 23 – “De Olho nas Negociações”.

A variação real média dos reajustes de julho ficou negativa em -1,10%. Mesmo com a deflação de 0,6% no mês, o reajuste necessário para zerar a inflação na data-base de agosto seria de 10,12%.

Considerando apenas os reajustes com ganhos acima do INPC, a variação real em julho foi de 0,39%, muito aquém da alta de preços.

Inflação corroí o poder de compra dos salários

Segundo o técnico do Dieese Luis Ribeiro, responsável pelo acompanhamento das negociações coletivas, a consequência imediata desse cenário é a diminuição da renda média e do poder aquisitivo dos trabalhadores devido à inflação elevada.

De acordo com Ribeiro, além da inflação de dois dígitos “a informalidade e o alto índice de desemprego são os principais motivos para os salários de várias categorias não receberam ganhos reais”.

Para ele, o medo da demissão também tem um papel fundamental nessa equação: “os funcionários de carteira assinada não querem entrar em greve por medo de perder o emprego e isso faz com que as negociações salariais sejam prejudicas. E mesmo quando o trabalhador consegue um reajuste que acompanha o INPC acumulado dos 12 meses, a inflação alta logo corrói o seu poder de compra”, ressalta.

Sindicato forte faz a diferença

“Categorias que têm um sindicato forte têm maior poder de negociação e conseguem reajustes com ganhos reais, isso explica porque indústria e comércio apresentam melhores índices”, explicou Luis à Agência Sindical.

Como está o cenário para a categoria química do ABC, com data-base em 1º de novembro, e às vésperas da sua campanha salarial?

O técnico do Dieese prevê uma pequena melhora de cenário, mas sem perspectiva de estabilidade em longo prazo.

“Apesar de ainda não termos dados oficiais, a perspectiva é que até o final do ano a gente tenha um cenário um pouco melhor. Isso porque muitas categorias, com sindicatos fortes, começam a fechar acordos, o que gera uma pequena melhora nos indicadores. Mas não quer dizer que haverá uma retomada econômica do país, pois as medidas adotadas pelo governo federal visando à eleição também vão impactar nos salários em 2023”.

Com informações da Agência Sindical

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