Na TV presidenta oficializa reajuste da tabela do Imposto de Renda e do Bolsa Família, sai em defesa da política de valorização do mínimo e afirma que não terá ‘mão dura’ contra o trabalhador
“Nosso governo nunca será o governo do arrocho salarial, nem o governo da mão dura contra o trabalhador. Nosso governo será sempre o governo dos direitos e das conquistas trabalhistas, um governo que dialoga com os sindicatos e com os movimentos sociais e encontra caminhos para melhorar a vida dos que vivem do suor do seu trabalho”, afirmou a presidenta Dilma Rousseff em seu pronunciamento na TV para homenagear os trabalhadores e trabalhadoras neste 1 de Maio.
Dilma, durante o discurso em cadeia nacional de rádio e TV, com duração de 12 minutos, anunciou a edição de medida provisória que reajusta a tabela do Imposto de Renda, o que garantirá a inclusão de mais pessoas dentro da alíquota de isenção, e um aumento de 10% no benefício do Bolsa Família pago a 36 milhões de pessoas.
Também reafirmou o compromisso com a política de valorização do salário mínimo, que pela legislação atual garante até 2015 a fórmula que prevê que o reajuste seja calculado levando em conta o crescimento da economia de dois anos antes somado à inflação do ano anterior. Do começo do governo Lula até hoje, este sistema garantiu um aumento real (acima da inflação) de 72%, segundo o Dieese.
O discurso da presidenta deixou bem clara a diferença entre o seu governo e a oposição. O atual discurso dos seus adversários na disputa ao Palácio do Planalto, Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB), têm defendido em conversas públicas com empresários que o salário mínimo está muito alto e são necessárias medidas de contenção do consumo e da valorização dos salários. Desde o ano passado os principais quadros econômicos do PSDB têm dito que é preciso revisar a política do salário mínimo e alguns chegaram a afirmar que o ideal é que o país tenha um pouco mais de desemprego para não se ver às voltas com pressões por aumento de salário.
“Nosso governo tem o signo da mudança e, junto com vocês, vamos continuar fazendo todas as mudanças que forem necessárias para melhorar a vida dos brasileiros, especialmente dos mais pobres e da classe média. Continuar com as mudanças significa também continuar lutando contra todo tipo de dificuldades e incompreensões, porque mudar não é fácil, e um governo de mudança encontra todo tipo de adversários, que querem manter seus privilégios e as injustiças do passado, mas nós não nos intimidamos.”
Ouvindo as vozes das ruas
A presidenta voltou a falar especificamente da reforma política, recordando que, após as manifestações de junho do ano passado, enviou ao Congresso a proposta de que fosse feita uma consulta popular em torno do tema. O Legislativo, porém, deixou de lado a ideia e depois aprovou mudanças na legislação eleitoral consideradas apenas cosméticas, sem alterar a lógica de funcionamento do sistema partidário. O Supremo Tribunal Federal acabou levando à corte a proibição de doações eleitorais por empresas privadas. Embora a tese já tenha alcançado maioria dos ministros, do STF, seis votos favoráveis, o ministro Gilmar Mendes pediu vistas do processo e interrompeu a conclusão da votação.
“Sem uma reforma política profunda, que modifique as práticas políticas no nosso país, não teremos condições de construir a sociedade do futuro que todos almejamos. Estou fazendo e farei tudo que estiver ao meu alcance para tornar isso uma realidade”, afirmou. “Por isso, além da ajuda do Congresso e do Judiciário, preciso do apoio de cada um de vocês, trabalhador e trabalhadora. Temos o principal: coragem e vontade política. E temos um lado: o lado do povo. E quem está ao lado do povo pode até perder algumas batalhas, mas sabe que no final colherá a vitória.”
Confira a íntegra do pronunciamento aqui