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Home office e distanciamento social requerem cuidados com a saúde mental

26/05/2020 às 13h29

Como prevenir o adoecimento psíquico neste momento de pandemia do corona vírus

Por Paulo Sergio Lima*

 

 

Com a pandemia da Covi-19 encontramos novas realidades para a classe trabalhadora brasileira:  o home office e o distanciamento social. Os trabalhadores precisam estabelecer novas rotinas e utilizar a tecnologia para realização dos trabalhos e contato social e assim preservar sua saúde mental, pois é sabido que hoje temos realizado muitas reuniões por meio de videoconferências.

Neste momento, umas das característica mais preocupantes quando se fala da saúde mental é a questão do distanciamento social, a brusca quebra de rotina, e para muitos trabalhadores e trabalhadoras  a redução de salário. Todos são fatores que podem levar ao mal-estar psicológico, por isso a importância dos sindicatos pensarem em estratégicas nas perspectivas da classe trabalhadora.

Como prevenir o adoecimento da saúde mental

Quando se passa a trabalhar em casa, é necessário o estabelecimento de uma nova rotina com definição clara de horários de trabalho e de horários para outros afazeres, como por exemplo o descanso, atividades domésticas e de lazer.

O home office permite uma flexibilidade de horário que se não for bem gerenciada pode ocasionar sobrecarga de trabalho. Ter um local mais reservado na casa e o estabelecimento de rotina de trabalho tornam-se essenciais para estabelecer uma fronteira entre saúde, vida e trabalho. Assim como o estabelecimento de um tempo para o descanso e o desenvolvimento de atividades de lazer.

A condição das mulheres em nossa sociedade torna ainda mais complexa a questão do home office, uma vez que ainda coordenam ou realizam as tarefas domésticas como cozinhar, arrumar a casa, cuidar dos filhos. O compartilhamento de tarefas, principalmente as doméstica, com outros familiares é fundamental.

As consequências e os impactos na saúde mental da classe trabalhadora podem ser sobrecarga e maior vulnerabilidade psíquica. Percepção de não ter tempo para nada e nem para si; sensação de impotência quanto ao não cumprimento das tarefas, sejam elas auto impostas ou impostas por chefes, colegas e familiares; falta de reconhecimento, seja no trabalho ou trabalho doméstico, isso tudo pode favorecer sentimentos de ansiedade, angústia, impotência, inutilidade, entre outros.

Para aquelas mulheres chefes de família e sem apoio familiar, a dificuldade torne-se maior. A busca de ajuda de amigos, vizinhos ou até mesmo especializada aos primeiros sinais de sofrimento psíquico pode ser útil no momento de crise para evitar o desenvolvimento de quadro de adoecimento mental .

Contato social

Mas como buscar contato em um momento de distanciamento social? A dica é utilizar a tecnologia a próprio favor. Manter-se conectado pelas redes sociais com colegas de trabalho, amigos, familiares pode ser uma opção para aqueles que tem acesso à tecnologia.

Também é preciso respeitar as características individuais das pessoas da casa. Ao se estabelecer regras de convivência, as relações interpessoais ficam mais fáceis. Para os que estão em confinamento com outras pessoas e familiares, conversar, realizar atividades coletivas como jogos, assistir filmes juntos ou qualquer atividade de lazer agradável a todos pode ser uma opção.

Empatia e solidariedade são outras palavras-chaves neste momento de pandemia. Manter-se empático seja com pessoas conhecidas como familiares, colegas de trabalho ,que apresentam sintomas da doença ou com outras pessoas não próximas, independente de raça, gênero, nacionalidade. Temos que entender que o mundo todo foi atingido e não devemos ser preconceituosos. Neste momento de pandemia , todos estamos vulneráveis.

Para quem não está em nenhum grupo de risco, solidariedade e empatia podem fazer a diferença na vida de pessoas mais vulneráveis, como idosos ou doentes crônicos.

Excesso de informações

Tomem cuidado com o excesso de informações, isso também pode ser prejudicial ao colocar as pessoas em estado de alerta constante, o que pode gerar ansiedade e angústia. Cuidado com notícias falsas  e sensacionalistas, elas podem suscitar pensamentos de impotência, medo  e até mesmo pânico.

Por isso, é preciso buscar informações em fontes seguras para compreender o que está ocorrendo, como Organização Mundial da Saúde- OMS, Organização Pan-Americana da Saúde-Opas,  instituições de pesquisa e autoridades sanitárias locais.

Outra dica importante é ter em mãos contatos de telefone e endereços de serviços e unidades de saúde em caso de manifestação de sintomas de Covid-19, para favorecer um atendimento mais breve.

Se possível, fique em casa.

*Paulo Sergio Lima é secretário de Saúde, Trabalho e Meio Ambiente do Sindicato dos Químicos do ABC