Nos 30 anos da CUT, Jair Meneguelli lembra que a luta não era só por reajuste e melhores condições de trabalho, era contra a ditadura
No próximo dia 28 de agosto a CUT completará 30 anos da sua fundação. Entre as várias celebrações, a imprensa dos trabalhadores está fazendo um resgate histórico desse período e um dos cenários utilizados está sendo a nossa “casinha” dos Aposentados, que abrigou a primeira sede da Central em 1983. Convidado pela TVT, Jair Meneguelli esteve na Associação para relembrar os primeiros passos da CUT.
A CUT nasceu sob clima político e econômico tumultuado e está completando 30 anos com o ambiente ainda agitado pelas manifestações de junho. Três décadas atrás, o objetivo era claro: o fim da ditadura.
“Nossa luta não era apenas por reajuste salarial e melhoria nas condições de trabalho, nós queríamos democracia, queríamos ser ouvidos, participar da vida política do País”, destaca Jair, que foi o primeiro presidente nacional da CUT e quem aceitou o convite do então presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Agenor Narciso, para usar a casa ao lado do Sindicato como sede da Central Única.
Durante a entrevista, Jair falou das dificuldades para se fazer o congresso que acabaria por fundar a CUT, e que abrigou 5 mil delegados vindos de todo o Brasil no Pavilhão Vera Cruz. “Fazia muito frio, o pessoal do Norte e Nordeste veio de havaiana, sem agasalho e nós tínhamos colchonetes de 5 cm de espessura. Saímos à caça de cobertores por São Bernardo”, conta.
Perguntado sobre o que sente hoje em relação ao período que esteve na direção cutista, Jair responde de pronto: “Saudade! Se eu tivesse que voltar atrás, faria tudo de novo. Eu, nós, lutamos a boa luta e nos sentimos como pais da CUT”.
Para Jair, a primeira grande luta da central foi a redução da jornada de 48 para 44 horas. “Foi uma luta vitoriosa, conseguimos de uma única vez reduzir a jornada em quatro horas, fruto de uma enorme pressão que fizemos na Constituinte em 1985”.
Sobre a atual conjuntura, Jair é bem didático: “Claro que a Dilma quer reduzir a jornada para 40 horas, mas isso não acontece com uma canetada. Nós temos um congresso que na sua maioria é formado por parlamentares representando o empresariado, é preciso convencer politicamente a sociedade, ganhar votos, pressionar. Democracia é isso, é uma luta diária, tem que fazer política diariamente”.