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Novas relações comerciais

11/05/2016 às 20h03

Leia artigo do presidente do Sindicato sobre as consequências do golpe na democracia sobre a indústria química do ABC

Por Raimundo Suzart

                O Brasil tem condições de promover o desenvolvimento econômico e social internamente apesar da crise política e econômica que enfrentamos atualmente, crise que não é nem a primeira e nem será a última que enfrentaremos. Possuímos uma ampla oferta de recursos naturais, capacidade produtiva dos trabalhadores e empresários, trabalhadores experientes e qualificados, capital produtivo disponível e empresas já instaladas. Na conjuntura atual é urgente a elaboração, a continuidade e a execução de projetos que contribuam com a promoção do crescimento da economia brasileira.

                Ampliar o investimento público e privado é fundamental. Concluir e iniciar novas obras de infraestrutura, de saneamento e habitacionais e avançar nos projetos já elaborados, são medidas que aqueceriam uma extensa cadeia produtiva e gerariam um elevado número de postos de trabalho diretos e indiretos, movimentando a economia.

                É evidente a diferença de atitude entre as empresas diante de uma mesma conjuntura, enquanto algumas apenas acompanham a deterioração dos negócios, outras pesquisam e se movem em direção às oportunidades existentes no mercado. A atual cotação do dólar, que está em aproximadamente R$ 3,50, é um exemplo de elemento da conjuntura visto como positivo por determinadas empresas, apesar da alta do dólar pressionar os custos em setores que utilizam componentes importados.

                A cotação do dólar está sintonizada com a centralidade do comércio exterior no segundo governo Dilma. Em junho de 2015 foi lançado o Plano Nacional de Exportações, construído em parceria com empresas e entidades patronais e de trabalhadores, que contempla políticas de acesso a mercados, facilitação de comércio, financiamento às exportações e regimes tributários facilitadores às exportações.

                A atual política cambial favorece o aumento da participação no comércio internacional e a substituição de diferentes produtos que eram importados internamente. O real barato em relação ao dólar torna a produção nacional mais competitiva no Brasil e no mundo, anteriormente para o enfrentamento da concorrência internacional as empresas dependiam basicamente da inovação.

                A Braskem, por exemplo, em decorrência do câmbio favorável às vendas externas se prepara para ampliar ainda mais as exportações nos próximos meses para atender a demanda internacional que tem se mostrado positiva, a alavancagem da disponibilidade de produto ocorre a partir do Brasil.

                Outro exemplo importante, a Rhodia, fabricante de especialidades químicas, está consolidando a estratégia de exportação na conjuntura atual, a meta é exportar o dobro do volume exportado em 2015 e expandir o número de países que recebem plásticos de engenharia sistematicamente.

                O impacto da política cambial já é perceptível na balança comercial, as exportações brasileiras totalizaram US$ 56 bilhões e as importações US$ 43 bilhões no primeiro quadrimestre de 2016, resultando em saldo comercial positivo, superávit de US$ 13 bilhões no quadrimestre (diferença entre exportações e importações). Já no primeiro quadrimestre de 2015 o resultado era negativo, déficit de US$ 5 bilhões.

                A expansão da atuação no comércio exterior, neste momento de incerteza interna e oportunidades em mercados externos, é uma estratégia cada vez mais adotada entre grandes empresas que atuam no território nacional, inclusive entre importantes indústrias do ABC. Trata-se de um movimento consistente resultante da política implementada pelo governo Dilma e de uma ampla análise de mercado por parte das empresas que acreditam no potencial produtivo e reagem apesar da crise política e econômica. No entanto, lamentavelmente todo processo de expansão das relações comerciais internacionais está fortemente ameaçado pela tentativa de golpe que tem como objetivo acabar com esta e outras políticas que transformam a realidade do povo e a economia brasileira.

Raimundo Suzart é presidente do Sindicato dos Químicos do ABC