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Pesquisa aponta que 5ª turma diminui desgastes físicos e psicológicos dos trabalhadores

19/08/2020 às 18h02

Estudo é uma parceria UnB e FETQUIM-CUT

O estudo sobre trabalho em turnos nas indústrias químicas, que vem sendo realizado pela parceria UnB/FETQUIM-CUT*, demonstra que o número maior de folgas diminui os desgastes físicos e psicológicos dos trabalhadores, principalmente dos que têm tabelas de cinco turmas

Por Remígio Todeschini

Os desgastes de saúde física, mental e da vida social e familiar revelados nesta pesquisa confirmam outros estudos já realizados no Brasil e no mundo. Em qualquer atividade de turno há o desgaste que rompe com o relógio biológico com  problemas de adaptação do sono com sonolência e insônia, problemas gástricos, cardíacos entre outros, além de problemas psicológicos que geram depressão, desânimo, ansiedade e angústia além de  estresse entre outros sintomas.

A pesquisa mostra também que nos casos onde não existe a 5ª turma, os turnos 6X3, como no caso da Colgate, permitem folgas reparadoras para as desvantagens do turno. Segundo Silvia Ribeiro da Silva, diretora do nosso Sindicato e membra do SUR da Colgate o 6X3 é muito bom para os trabalhadores/as. Dá para descansar mais, resolver algum assunto como médico, dentista, reunião do filho e filha na escola, viajar, emendar 4 dias, dependendo do feriado, e a cada 15 dias a folga cai no final de semana”, afirma Silvia.

“É importante continuarmos na defesa dessa importante conquista da 5ª. turma, para preservarmos o emprego com qualidade de vida e saúde. Esses acordos de 5ª turma ajudam a minimizar os problemas do relógio biológico (noite/dia) e outros problemas de saúde física e mental que os trabalhadores enfrentam no dia a dia, e garantem com a folga grande descanso reparador e parte do convívio familiar”, afirma o coordenador da Regional Santo André do Sindicato, Joel Santana de Souza.

Para Airton Cano, coordenador político da Fetquim-SP/CUT os resultados dessa pesquisa ajudam na luta pela 5ª turma e outras jornadas de turno com um número maior de folgas. “Nossa luta é preservar a saúde dos trabalhadores e garantir o cumprimento da Constituição Federal com negociação coletiva quanto ao turno”, disse Cano.

A pesquisa coletou dados de 508 trabalhadores/as, através de questionários no 2º semestre de 2019, de 28 empresas na região do ABC, Campinas e Jundiaí. No ABC, ligados ao Sindicato dos Químicos do ABC, participaram da pesquisa 423 trabalhadores, das áreas de Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema.  O processamento quantitativo e qualitativo  e a análise  foi concluído no primeiro semestre de 2020.

Dos 508 trabalhadores: 283 eram de 5ª turmas, com jornada média semanal de 33 horas e 36 minutos, e outros 225 eram trabalhadores eram de turnos 6X3, 6X2, 6X1, e 5X2, perfazendo, em média, jornadas de 36 horas e 27 minutos a 42 horas semanais. 

A seguir alguns resultados detalhados da pesquisa:

5ª turma e turnos fixos

Na comparação entre os trabalhadores de 5ª turma e jornadas de 4 a 3 turmas fixas os problemas psíquicos destas últimas são maiores. Os turnos fixos à tarde tem 50% a mais de problemas psíquicos e os turnos fixos noturnos oferecem o dobro de problemas do que em relação a 5 turmas. (Tabela 1)

                            Tabela 1. 5 turmas X turnos fixos

Tipo de turno

Com sintoma psíquico

Sem sintoma psíquico

5ª. turma

28,6%

71,4%

Fixo Manhã

34,2%

65,8%

Fixo Tarde

52,1%

47,9%

Fixo Noite

64,7%

35,3%

 

Comparações 5ª turma e Não quinta turma (6X3, 6X2,6X1)

Os problemas psíquicos de depressão, como falta de motivação são 3,5 vezes maiores nos turnos que não são 5ª turma e o desânimo aparece em dobro nos turnos de Não 5ª turma do que em relação à 5ª turma. Na soma de problemas físicos e psíquicos, os que trabalham em turnos de Não quinta turma apresentam 68% de sintomas, enquanto os que trabalham em 5ª turma são só 54%.

Os muitos satisfeitos são o dobro dos que trabalham em 5 turmas (64,1%) do que os que trabalham em outros turnos (35,9%).

As vantagens e desvantagens do trabalho em turno

As principais vantagens declaradas pelos trabalhadores da 5ª turma são as folgas e os adicionais, flexibilidade de horário  para resolver os problemas do dia a dia. Para que os que trabalham em 4 e 3 turmas, as vantagens são menores como ter o adicional noturno e resolver problemas familiares em outros horários.

Quanto às desvantagens  na 5ª turma: trabalho nos finais de semana e feriados, as dificuldades do trabalho noturno e o sono, e restrições de convívio social e familiar. Aos que trabalham em 4 e 3 turmas: o principal problema é o trabalho aos sábados de forma alternada, não conseguir dormir durante o dia e prejuízo da vida social.

Principais conclusões da  Pesquisa

1. 5ª turma: Maior número de folgas, a maior vantagem,  menores  as queixas de problemas de saúde (física e mental), compensando convívio familiar,  maior a satisfação no trabalho, maiores os adicionais de turno.

2. Não quinta turma: com  turmas fixas, com número de folgas menor, mais  problemas de ordem psíquica  e menos vantagens.

3. A grande desvantagem de 3 turmas fixas são as jornadas de turno semi contínuos com sábados alternados de trabalho, diminuindo consideravelmente o número de folgas para descanso e convívio familiar e social. 

4. A escala de 4 turmas, com escala 6X3, os problemas de ordem familiar e social são minimizados pelas folgas, persistindo os demais problemas de ordem física e mental.

* Essa pesquisa da FETQUIM-CUT em parceria com a  Universidade de Brasília (NEVIS) foi feita sob coordenação do Pesquisador Remígio Todeschini e assessor de Saúde e Previdência da Fetquim-CUT e teve a supervisão dos professores Wanderley Codo e Ângela Almeida também da UnB.