Boa parte da pesquisa de turno foi realizada entre os trabalhadores químicos do ABC
A revista Laborare nº 6 do Instituto Trabalho Digno – que traz artigos científicos relacionados à promoção do trabalho digno, segurança e saúde do trabalho, direitos trabalhistas, inspeção, ciências sociais e trabalho – publicou artigo sobre a pesquisa realizada pela FETQUIM/UNB/CUT sobre jornada de turno e a 5ª turma (leia a pesquisa aqui).
Airton Cano, coordenador da Fetquim-CUT, lembra que “nas lutas do dia a dia da classe trabalhadora é preciso estar sempre aliado à ciência e mostrar as mazelas da classe trabalhadora principalmente com o trabalho de turno”. “A continuidade das negociações e acordos da 5ª. turma na área química e petroquímica são essenciais para que haja menos problemas de saúde para o pessoal de turno principalmente.”
Químicos do ABC participaram da pesquisa
A pesquisa foi coordenada pelo Pesquisador da UNB, e assessor da Fetquim/CUT, Remígio Todeschini, ex-presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, que abordou as vantagens e desvantagens dos diversos tipos de jornadas de turno, entre trabalhadores de turno no Estado de São Paulo (ABC, Campinas e Jundiaí) comparando jornadas de 5 turmas ( 5 turnos) , com jornadas sem 5 turmas ( 6X3; 6X2; 6X1).
O resultado mostrou que quanto maior é o número de folgas, menor são os problemas de desgastes físicos e psicológicos. As jornadas mais vantajosas são os acordos de 5ª. turma de 8 horas que oferecem 146 folgas anuais ou mesmo as jornadas de 6X3 com 121 folgas anuais, e as jornadas onde há maiores problemas de saúde física e mental são as jornadas fixas 6X1 com a agravante de terem folgas em sábados alternados, prejudicando ainda mais o convívio social e familiar dos trabalhadores.
Para André Alves, secretário de Saúde da Fetquim, e diretor dos Químicos Unificados de Campinas a “publicação em um revista científica traz mais um aliado na luta e na mobilização pela continuidade da 5ª. turma, com jornada de 33 horas e 36 minutos, para que os trabalhadores tenham menos problemas físicos e mentais e uma convivência melhor social e familiar com um número maior de folgas. Essa jornada reduzida, frente à diminuição dos postos de trabalho e com as novas tecnologias, deve se estender também para outras categorias como o pessoal da área de saúde, segurança, transporte entre outros”.
Joel Santana (foto), diretor do Sindicato dos Químicos do ABC, participante na divulgação e aplicação dos questionários da pesquisa juntamente com os diretores do Sindicato na área de Santo André destaca que “a pesquisa publicada na revista mostra a importância de estarmos sempre mostrando os problemas que encontramos no trabalho de turno com a nossa saúde, e que haja a continuidade da redução de jornada de trabalho com mais folgas, pois menos horas nos ajudam estar menos expostos a produtos químicos nocivos, principalmente com o Benzeno.”
A Revista
O editor geral da Laborare, Fernando Vasconcelos (foto), doutor em Saúde Pública, lembra que o artigo “demarca esta publicação como espaço privilegiado de diálogo científico no mundo do trabalho”.
“O projeto da revista Laborare foi desde o início um projeto de construção coletiva com outras instituições e lideranças igualmente vinculadas à defesa do trabalho digno, de fazer uma revista multidisciplinar e sem vínculos governamentais. Importante também que na editoria geral da revista juntou-se recentemente a Dra. Valdete Severo, Juíza do Trabalho. A revista deixa claro o compromisso com a defesa do trabalho digno”, afirma Vasconcelos.
Ela é formada por um conselho editorial de diversos professores e pesquisadores de universidades públicas em âmbito nacional no campo da Medicina, Saúde Pública, Saúde Mental, Epidemiologia, Ergonomia, Direito, Engenharia do Trabalho, Ciências Sociais, Trabalho e Inspeção do Trabalho, além de diversos professores que atuam na França, Portugal, Estados Unidos, México, Argentina e África do Sul.
Leia a íntegra do artigo científico “Vantagens e desvantagens em trabalho de turnos de trabalhadores químicos” na revista Laborare, clicando aqui .
Fonte: Fetquim