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Protesto e alerta na defesa da saúde dos trabalhadores frente às contaminações, acidentes maiores e agrotóxicos

02/05/2019 às 11h36

Seminário de Saúde da Fetquim contou com a presença de umas 80 pessoas, entre elas diretores e diretoras do nosso Sindicato

Escrito por: Fetquim

O Seminário realizado no último dia 26 de abril realizado pela FETQUIM com apoio do Sindicato dos Químicos de SP mais uma vez foi um protesto frente ao conjunto de medidas anti-trabalhador (ampliação da reforma trabalhista e deforma previdenciária) levadas a cabo pelo governo caótico e das milícias digitais de Fake News de Bolsonaro.

A mesa inicial do Seminário, coordenada pelo Secretário de Saúde, André Alves e com a presença de Airton Cano, Coordenador da Fetquim, João Donizete Scaboli, da Fequimfar, Hélio Rodrigues, Coordenador do Sindicato dos Químicos de São Paulo, além de Alex Fonseca, Secretário de Saúde dos Químicos de SP. 

André colocou as principais preocupações dos trabalhadores químicos no estado de  São Paulo e Airton Cano ressaltou a importância da luta permanente em defesa da saúde dos trabalhadores frente ao ataque sistemático do atual governo aos direitos dos trabalhadores.

A primeira mesa de debate foi a apresentação do hediondo crime de Brumadinho da Vale do Rio Doce. O Auditor Fiscal do Trabalho ,Marcos Botelho, que acompanhou a fiscalização do acidente, apresentou os principais motivos de desleixo alarmante e não cumprimento de normas e informou que além das 220 mortes, sendo em sua maioria trabalhadores da Mina de Brumadinho, houve  132 registros de acidentes graves, sendo estes últimos  não  noticiados pela imprensa.  Foi o maior acidente de trabalho da história do Brasil que em poucos segundos vitimou criminosamente trabalhadores. Pior, com a anuência da alta direção, de forma desordenada e sem projeto técnico, foi feita uma barragem com mais de 900 metros de altura em cima da lama, o crime perfeito para que a tragédia ocorresse !. Houve, após a apresentação,  uma dezena de intervenções dos presentes buscando esclarecimentos do ocorrido com o rompimento da barragem e a necessidade da luta em defesa da saúde.

Na sequência, foi lido documento de Luiz Cabral, Secretário de Meio Ambiente da Fetquim, que reforçou a denúncia de que “esse crime já estava anunciado desde a privatização criminosa   da Vale do Rio Doce, que priorizou o lucro dos acionistas em vez de defender a saúde dos trabalhadores”.

André organizou o protesto, com dezenas de velas, denunciando a morte de todos os trabalhadores que ocorrem no Brasil e no mundo em diversas atividades laborativas, principalmente aquela de Brumadinho em Minas Gerais. André afirmou: “ A luta e a resistência dos trabalhadores frente a todas as mortes é essencial para a defesa permanente da saúde”.

Ainda da parte da manhã, o Presidente da Associação dos Trabalhadores Contaminados da BASF-SHELL, Tavares, rememorou a luta contra a contaminação por agrotóxicos  em Paulínia, quando houve o fechamento da Fábrica BASF/SHELL que contaminou trabalhadores e população do entorno. Apresentou os depoimentos de sofrimento dos trabalhadores e população de sitiantes que foram atingidos, além de rememorar a vitória dos trabalhadores dos químicos unificados de campinas/Osasco junto ao TST de indenizações aos trabalhadores e financiamento de pesquisas e medidas de proteção aos contaminados.

À tarde, a mesa foi coordenada pelo Secretário de Saúde dos Químicos de SP, Alex, e teve como primeira exposição a pesquisadora do Instituto de Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura de São Paulo, Soraia de Fátima Ramos, que apresentou a geografia da produção agrícola do agronegócio em São Paulo alicerçada no modelo de utilização massiva de agrotóxicos. Conclui a sua apresentação afirmando que a saída para a defesa da saúde dos trabalhadores e da população consumidora seria fazer uma aliança entre a agricultura familiar e os trabalhadores para que se ampliem políticas públicas de produção agrícola orgânica e que se incentive a produção de bioquímicos na agricultura sem toxicidade.

Domingos Lino, especialista em Saúde e Segurança do Trabalho, assessor dos Químicos de São Paulo, apresentou o panorama da toxicidade cancerígena ( causa de epidemia de câncer) dos agrotóxicos no Brasil e a brutal contaminação de  hortaliças, legumes e frutas hoje no Brasil. E a partir de dados da ABRASCO afirmou: “Sete é o número aproximado de litros de veneno que cada brasileiro consome por ano”.  Entre as medidas de proteção que devem ocorrer, Lino, reforçou; “ a necessidade de restringir a liberação de agrotóxicos pelo governo, que está em direção justamente contrária, reforçando o uso de venenos”.

Remígio Todeschini, pesquisador da UNB e assessor da Fetquim,  apresentou o triste número brutal e alarmante de suicídios e doenças mentais em decorrência da manipulação de agrotóxicos que aflige principalmente agricultores.  Mostrou os dados da Prof.a Larissa Bombardi, dizendo que: “ As principais causas de mortes por agrotóxicos são suicídios e estão mais presentes nos estados de Pernambuco, Ceará, Espírito Santo, Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.” Ressaltou a necessidade de aprofundar estudos e pesquisas sobre saúde mental e contaminações em geral na categoria química como um todo.

O Seminário serviu de alerta geral, segundo o Secretário de  Saúde da Fetquim, André Alves.  “ Estamos frente a inúmeros desafios para preservar a vida dos trabalhadores  e preservar a qualidade de vida de toda a população”.