Atividade foi realizada pelo sindicato global IndustriALL na sede do sindicato dos químicos da Turquia (Petrol-Is), em Istambul
O Secretário de Administração do Sindicato, Fábio Lins, trabalhador na BASF, participou nesta segunda-feira da Reunião Global de Representantes Sindicais da BASF.
Ele foi responsável por representar a Rede BASF América do Sul na atividade que integra as Reuniões Globais da Indústria Química e Farmacêutica, realizadas de 25 a 27 de setembro de 2023, em Istambul, Turquia, promovidas pelo Sindicato Global IndustriALL.
Na reunião, as discussões abrangeram desde a situação atual, perspectivas futuras e situação do emprego na BASF até estratégias sobre o trabalho futuro para avançar a rede sindical global da BASF e construir relacionamentos com a empresa.
Representantes das redes sindicais BASF América do Sul e Ásia-Pacífico e da BASF na Europa, América do Norte e na África apresentaram dados sobre as regiões, pontuaram os avanços e destacaram os atuais desafios.
Participaram da atividade representantes sindicais da Alemanha, Turquia, Indonésia, Índia, Bélgica, Estados Unidos, África do Sul, Argentina e Brasil.
Rede BASF América do Sul
Na sua apresentação, Fabio falou da estrutura da organização dos trabalhadores da BASF na América do Sul, os negócios da BASF na região, a história da Rede, as maiores dificuldades encontradas e principais avanços nos quase 25 anos da Rede.
“Conseguimos estabelecer o diálogo social nestes 25 anos, a negociação nacional da PPR, a eleição de Comissão de Fábrica mesmo sem termos previsão legal no Brasil e nos demais países da região. Também conseguimos implementar políticas de Inclusão e diversidade, e, na área de Segurança e Saúde no Trabalho, conseguimos a participação de representantes do Sindicato e da OLT nas análises de risco e de investigação de acidentes, incidentes ou enfermidades”, pontuou o dirigente.
ALERTA à empresa
Em relação à situação atual, Fabio destacou que a Rede tem percebido um empoderamento do Setor Jurídico da empresa, ou seja, os advogados estão dando a última palavra em questões antes gerenciadas pela área de Recursos Humanos, o que vem enfraquecendo a capacidade do diálogo social continuar gerando bons resultados para os negócios e para os trabalhadores.
“Atualmente, se nota: menos informação, menos consulta e menor participação dos representantes dos trabalhadores em temas relacionados as condições de trabalho e relações sindicais. Isso é um ALERTA para a gerência corporativa da Alemanha, pois a reputação da empresa está em jogo”, disse.
Periculosidade e denúncia internacional
Como exemplo dessa situação de enfraquecimento das relações trabalhistas e sindicais, Fabio Lins mencionou dois acontecimentos recentes.
O primeiro, na BASF Demarchi, onde houve a redução do rendimento do trabalhador devido à retirada de um adicional de 30% do salário (periculosidade – referente ao risco de incêndio e explosão em uma fábrica de tintas à base de solventes e de água). Em Jaboatão, esse tema também está presente.
O segundo, em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, com o resgate de 85 trabalhadores, entre eles onze com idade entre 14 e 17 anos, de duas fazendas arrendadas pela empresa para a multiplicação de sementes de arroz. Eles estavam trabalhando em condições análogas à escravidão. A BASF pagou uma indenização de 9 milhões de reais depois de assinar um Acordo de Conduta com as autoridades públicas.
“Em ambos os casos”, explica Fábio, “não houve consulta nem informação prévia aos sindicatos e representantes dos trabalhadores. Na Demarchi, só houve abertura de negociação após mobilização dos trabalhadores chamando uma paralisação, mas ainda em condições de desvantagem para nós. Mas já avisamos: se a BASF não mudar de postura, ela será denunciada nos organismos internacionais – na OIT, OCDE e ONU”, disse.
Trabalhadores são os melhores auditores
Por fim, Fabio reafirmou que as empresas deveriam valorizar as relações trabalhistas e sindicais, pois os melhores auditores são os trabalhadores e trabalhadoras da empresa. “Apenas precisamos ser informados previamente. Sermos consultados quando corresponda e, termos garantido sempre, o direito de negociar coletivamente”, concluiu.