O ano de 1983 foi decisivo na história do movimento sindical brasileiro. Desde o começo da década, a classe trabalhadora estava mobilizada para que suas reivindicações fossem atendidas e lutava por liberdade, pelo fim da ditadura militar. A repressão já não conseguia impedir que a classe trabalhadora se organizasse.
Foi assim que entre 26 e 28 de agosto de 1983, trabalhadores e trabalhadoras urbanos e rurais, vindos de todas as regiões do Brasil, promoveram o Congresso Nacional da Classe Trabalhadora, um encontro que mudaria a trajetória da luta sindical no país. O primeiro presidente a ser eleito foi o metalúrgico, Jair Meneguelli.
O Congresso, na cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo, reuniu 5.059 delegados e delegadas de 912 entidades sindicais, centenas de observadores e apoiadores, convidados internacionais e representantes da sociedade.
A presença massiva mostrava que os trabalhadores e as trabalhadoras haviam atendido ao chamado de fundar a sua central sindical. No dia em 28 de agosto de 1983, foi fundada a CUT – Central Única dos Trabalhadores, entidade que, no seu nascimento, representava 12 milhões de trabalhadores e trabalhadoras da cidade e do campo.
A CUT nasceu forte e reconhecida pelo movimento sindical internacional. Em poucos anos se tornaria numa das maiores centrais sindicais do mundo e uma das entidades mais representativas da sociedade civil brasileira.
Logo após a fundação da Central, o então presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Agenor Narciso, ofereceu a casa ao lado do prédio do Sindicato, que na época ficava na Av. Lino Jardim, para ser a primeira sede da central, o que foi aceito prontamente por Jair Meneguelli, recém-eleito presidente nacional da CUT.
Hoje, 28 de agosto de 2020, a Central entra em uma nova fase, um novo ciclo, ao completar 37 anos de existência. Seu desafio maior agora é proteger os trabalhadores e trabalhadoras nas novas formas de contratação
Sérgio Nobre, atual presidente da CUT, ressalta que os novos métodos de exploração da mão de obra, aliados à utilização das novas tecnologias no trabalho, não são nada modernos e, neste cenário, a CUT tem como desafio principal organizar, representar e proteger esses trabalhadores para que o Brasil “não viva um retrocesso de cem anos”.
Nobre critica as novas formas de contratação e a informalidade, impostas pelo capitalismo, que estão jogando os trabalhadores cada vez mais para um cenário de precarização das relações trabalhistas.
“Não podemos ir pelo caminho de que o moderno é não ter direito algum, não ter férias, nem 13° salário. Isto é exploração para enriquecer os patrões. escravidão”, diz Nobre, reforçando que “moderno é garantir direitos” , e este é fio condutor da luta da CUT em todos os tempos.
“O governo atual quer impor menos direitos, como é o caso da Carteira Verde e Amarela, com argumento de gerar empregos, ignorando que os trabalhadores, ao longo da vida adoecem, sofrem acidentes e têm que ter um amparo social”, diz ele.
Central Única dos Trabalhadores! Central Única das Trabalhadoras! Vida longa à CUT!