Obra de jornalismo investigativo é de autoria de Eduardo Reina, jornalista que trabalhou no Sindicato nos anos 1990, quando ganhou o Troféu Imprensa Sindical
Por Remígio Todeschini
Nesta última terça feira, dia 02 de abril, foi lançado o livro, no Centro Universitário Maria Antônia da USP,: CATIVEIRO SEM FIM. Livro esse fruto do trabalho de pesquisa investigativo do Jornalista Eduardo Reina, que foi jornalista do nosso sindicato nos anos de 1990. Inclusive fora premiado em 1993, como jornalista do Sindiquim com o Troféu Imprensa Sindical.
Reina relata neste livro os sequestros e desaparecimentos forçados de crianças e adolescentes praticados por agentes da repressão aos movimentos de resistência à ditadura militar entre 1964-1985. Ele demonstrou o terrorismo do estado praticado contra crianças e bebês neste período. Crime este contra a humanidade, insuscetível de anistia ou prescrição. Estes fatos reais relatados no livro foram apresentados também ao Ministério Público Federal, da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, com graves lesões a direitos da infância pela Ditadura Militar e estão sendo investigados e autuados.
O livro tem a apresentação do Jornalista Caco Barcelos, que mandou um vídeo da África onde estava fazendo reportagem, para o evento. Presente também Rogério Sottili, diretor executivo do Instituto Vladlimir Herzog, Adriano Diogo presidente da Comissão da Verdade sobre crimes da ditadura do Estado de São Paulo, José Genoino, e o Vereador Eduardo Suplicy. Na apresentação Rogério Sottili, denunciou a barbaridade do atual governo Bolsonaro em querer comemorar essa triste memória de mortes, assassinatos, tortura, em que mais de 30 mil pessoas foram presas e torturadas. Recordamos também que a Diretoria do Sindicato dos Químicos de 82 a 88 foi fruto da espionagem dos serviços de investigação do exército porque estava defendendo os trabalhadores químicos na época. Sem esquecer que em 1970 foi torturado e morto o militante químico, trabalhador da ex-Quimbrasil, pela ditadura, Olavo Hanssen.
Uma reação importante ocorreu com o movimento DITADURA NUNCA MAIS, conforme relato da Procuradora Regional da República e Presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, que no último dia 31 de março mais de 10 mil pessoas circularam pelo Ibirapuera contra os crimes praticados pela Ditadura que deixou cerca de 450 mortos e desaparecidos. A procuradora enumerou na atual conjuntura e nos últimos dois anos das dificuldades que o Ministério Público tem em apurar os casos aqui em São Paulo, sendo que já foram encaminhadas 39 autuações criminais contra agentes repressores, e somente 10 estão em andamento. Três pessoas, filhas de presos políticos, testemunharam as crueldades cometidas pela ditadura e as dificuldades que encontraram em buscar reparação judicial com as brutalidades ocorridas.
Reina, afirmou que com o pré-lançamento do livro, recebeu 19 novos casos de outras crianças que foram brutalmente sequestradas e submetidas a situação degradante pelos agentes da repressão. O pior que o atual governo está desmobilizando a Comissão de Anistia, e colocou na atual gestão de Bolsonaro um militar que nega os fatos ocorridos durante a ditadura.
Reina concluiu o lançamento afirmando que a ditadura militar foi sanguinária e brutal. Após a preleção de lançamento, os presentes puderam ter seus livros autografados pelo autor.. Neste evento estavam presentes mais de 150 pessoas.