Posts

Raimundo Suzart: Marielle, morta, coloca em cheque a intervenção militar no Rio

15/03/2018 às 18h48

Confira artigo do presidente do Sindicato sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco ontem no Rio

Por Raimundo Suzart*

Jovem, mulher, negra, nascida no Complexo da Maré e formada em Sociologia pela PUC Rio e com mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense, Marielle foi a quinta vereadora mais votada na cidade do Rio em 2016, alcançando quase 50 mil votos!

Corajosa e sensível não virou as costas para os seus. Pelo contrário, fez da luta pelo respeito aos moradores das comunidades mais pobres, a marca de seu mandato, o que provavelmente lhe custou a vida. Marielle foi executada covardemente, sem direito a defesa. O motorista da Câmara Municipal que lhe conduzia, Anderson Pedro M. Gomes, também morreu.

Recentemente publicou nas redes sociais uma denúncia contra maus policiais da PM do Rio que estariam “aterrorizando e violentando moradores de Acari”. Há duas semanas, ela passou a ser Relatora da Comissão da Câmara de Vereadores criada para acompanhar a atuação das tropas militares na intervenção federal na segurança pública do Rio.

Nascida na periferia, Marielle conhecia de perto a violência de maus policiais corrompidos pelo narcotráfico ou a serviço de milícias clandestinas que disputam negócios com o crime organizado. Uma guerra diária, onde o único que perde é o morador, principalmente os jovens e negros, que enfrentam mais obstáculos para estudar e encontrar um bom emprego. Marielle era uma exceção a essa triste regra e talvez por isso a mataram.

O Rio e o Brasil necessitam nesse momento de intervenção social, não militar. Necessitam de políticas públicas que gerem emprego decente e trabalho produtivo, de escolas e serviços de saúde de qualidade, de transporte de qualidade e de um sistema de segurança pública que respeite o cidadão e o veja como aliado, não como inimigo. A política econômica do atual governo resulta exatamente no oposto de tudo isso e este é apenas o primeiro de 20 anos de congelamento do orçamento público para garantir o pagamento da dívida para os bancos.

Enquanto o Brasil derrete, Marielle e muitos jovens anônimos, a maioria negros moradores da periferia, são executados pelas balas ou pelas medidas governamentais que matam lentamente. Por isso, nos solidarizamos com as famílias da Marielle e do Anderson e com os movimentos negros, sociais e políticos que perderam uma combatente.

Raimundo Suzart

Presidente do Sindicato dos Químicos do ABC

Sindicato dos Químicos do ABC
Visão geral de privacidade

Este site utiliza cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas no seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.