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Sindicalistas da Turquia retomam intercâmbio presencial com o Sindicato

Escrito por: Redação
13/02/2023 às 19h13
Sindicalistas da Turquia retomam intercâmbio presencial com o Sindicato

Delegação de sindicalistas do Petrol-Is chegou ao Brasil um dia antes dos terremotos na Turquia e Síria. Solidariedade e apoio foram expressos em todas as atividades da programação

Uma delegação de dirigentes do Sindicato dos Químicos da Turquia (Petrol-Is) esteve na semana de 06 a 10 de fevereiro no ABC para mais uma etapa do intercâmbio com o Sindicato dos Químicos do ABC.

Eles chegaram no Brasil no domingo, 5, véspera dos fortes terremotos ocorridos na região, uma das piores catástrofes já ocorridas nos dois países.

Sindicalistas da Turquia

Acima, delegação visita a sede da CNQ e Fetquim. Abaixo, no gabinete do Dep. Luiz Fernando, Alesp

As notícias que chegavam sobre as vítimas e os desmoronamentos da Turquia impactaram a todos, e a solidariedade e apoio foram expressos em todas as atividades da programação, que contemplou reuniões e visitas a fábricas e entidades parceiras.

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Este intercâmbio integra o acordo de cooperação internacional entre Sindicato dos Químicos do ABC e Sindicato dos Químicos da Turquia firmado em 2010. Em 2020 a atividade aconteceu de forma virtual, já que estávamos todos em distanciamento social devido à pandemia da Covid-19.

Dirigentes da Turquia

Compuseram a delegação de lideranças químicas turcas o presidente do Petrol-Is, Suleyman Akyuz, os dirigentes Niyazi Recepkethuda; Eyup Akdemir; Ersin Birgul e o assessor Erhan Kaplan.

“Estamos profundamente sentidos, a Turquia passa por um rigoroso inverno, o que torna tudo mais difícil, já são 14 mil mortos oficialmente neste momento. Agradecemos ao governo e ao povo brasileiro pela solidariedade e apoio”, disse o presidente do Petrol-Is, Suleyman Akyuz, durante visita às entidades parceiras dos Químicos ABC –  a Confederação Nacional do Ramo Químico da CUT (CNQ) e da Fetquim-SP -, realizada na manhã da quinta-feira, 09 de fevereiro.

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Suleyman expressou sua satisfação com o intercâmbio, destacando que Brasil e Turquia têm muito em comum, assim como os trabalhadores químicos turcos e brasileiros.

“Tenho observado que alguns dos setores industriais que lidamos na Turquia são os mesmos daqui e os problemas, em geral, também são comuns, portanto devemos prosseguir juntos para enfrentá-los”, afirmou.  “A longo prazo podemos ter uma agenda comum entre nossas organizações em benefício dos trabalhadores e da luta de classes, que ambos enfrentamos”, concluiu.

Sindicalistas da TUrquia

Delegação conversa com diretores e diretoras do Sindicato

Braskem, BASF Demarchi e Assembleia Legislativa

A delegação também visitou as fábricas BASF Demarchi, em São Bernardo, e Braskem, Santo André, e conheceu o plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), ao visitar o gabinete do  deputado estadual Luiz Fernando (PT-SP).

Algumas informações sobre o Sindicato dos Químicos da Turquia – o Petrol-Is

O Sindicato

Petrol-Is é um sindicato nacional que representa trabalhadores dos setores petróleo, gás, químico, borracha, farmacêutica, peças automotivas, fertilizantes e explosivos. Tem 18 sub-regionais, localizadas nas principais cidades turcas. A entidade foi criada há 68 anos, em 1950.

Petrol-Is representa os trabalhadores/as dos setores: petróleo, gás natural, químicos, borracha, plásticos, farmacêuticos. Detergentes. Cosméticos, tintas e indústria química em geral. Incluindo trabalhadores do setor automotivo na parte de plásticos.

 

Como são as Campanhas Salariais e Acordos/Convenções Coletivas

Suleyman Akyuz, presidente do Petrol-Is

Suleyman Akyuz

O Petrol-Is  tem realizadas 110 negociações coletivas. “Tentamos fazer 50 por ano (negociar e assinar), sendo 55 em anos pares e as outras 55 nos anos ímpares, todas com cláusulas com validade bianuais. O que nos deixa muito ocupados”, conta o presidente Suleyman.

Pela legislação turca, um sindicato para poder negociar em nome dos trabalhadores precisa ter 50% + 1 dos trabalhadores na empresa sindicalizados. Só assim a empresa passa a ter direito a ter sua própria Convenção Coletiva.

As Convenções Coletivas não são todas iguais , há variações nas cláusulas tanto sobre benefícios quanto vantagens econômicas.

“Não é fácil obter 50% +1 de sindicalizados, é um trabalho árduo, pois muitos empregadores dificultam isso. Por isso a Solidariedade internacional é muito importante, pois temos multinacionais que em outros países e na Turquia se aproveita da lei para dificultar a sindicalização. Por isso intercâmbios como este são importantes para a troca de informações e decidir por ações conjuntas”, observa Suleyman.

Mulheres: trabalho igual, respeito igual

Os acordos/convenções coletivas na Turquia são por empresa e todos têm cláusulas que incentivam a contratação da mulher e tratam da equidade entre homens e mulheres.

Sindicalização

A taxa de sindicalização no país está em torno de 15%. No Petrol-Is é 11,5% – existem sindicatos pequenos que competem com o Petrol-Is , mas eles não tem autorização para negociar.

Os trabalhadores sindicalizados pagam diretamente ao Sindicato o equivalente a um dia de trabalho ao mês, ou seja, 12 dias de trabalho por ano – é uma Lei nacional.

Os trabalhadores não sindicalizados não têm direito aos benefícios das Convenções.

Golpe e precarização

A Turquia enfrentou uma tentativa de golpe militar em 2016 que alterou a situação dos trabalhadores no país. O número de Convenções Coletivas antes do golpe, por exemplo, era bem maior, mas pouco a pouco o Sindicato está recuperando essas negociações, segundo os sindicalistas turcos.

Lembramos que o Brasil também teve um golpe em 2016, que afastou a presidenta Dilma, assumindo em seu lugar Michel Temer e suas reformas para precarizar a situação dos trabalhadores, como a Trabalhista e a Previdenciária, esta última aprovada já no governo Bolsonaro (2019).

 

Solidariedade às vítimas do terremoto

Campanha de Solidariedade: Petrol-Is entrega alimentos para as áreas atingidas pelos terremotos

 

Solidariedade aos companheiros e companheiras da Turquia

A diretoria do Sindicato dos Químicos do ABC, em meio a dor e ao sofrimento de nossos companheiros e companheiras da Turquia, manifesta sua solidariedade à entidade irmã Petrol-Is e ao povo turco neste difícil momento, estendendo essa solidariedade ao povo da Síria, que já não bastasse a situação de 12 anos de guerra civil, ainda enfrenta mais essa calamidade.

Foi um dos terremotos mais mortíferos do século, afetando cerca de 14 milhões de pessoas que vivem em dez cidades do sudeste de Turquia.

Uma semana após os sismos, os mortos já chegavam a 37 mil na Turquia e Síria. Mais 6 mil edifícios desabaram. Milhares de pessoas estão sem abrigo e exposto ao frio inverno.

Nosso coração está com vocês!

Sindicato dos Químicos do ABC – fevereiro 2023