Em assembleia realizada nesta sexta-feira, 28, os trabalhadores/as da BASF Demarchi decidiram entrar em greve na próxima semana, caso suas reivindicações não sejam atendidas.
Desde fevereiro, após o anúncio do encerramento da produção de Tintas Automotivas no site Demarchi, os trabalhadores/as lutam pela manutenção dos empregos, do adicional de periculosidade, e contra assédio moral e práticas antissindicais.
A assembleia foi realizada pelo Sindicato dos Químicos do ABC para informar a todos os trabalhadores(as) da localidade Demarchi sobre os resultados da primeira Audiência de Conciliação, realizada no TRT-SP no dia 24 passado.
Na audiência, a desembargadora do TRT-SP orientou pela suspensão da greve dos trabalhadores(as) do Setor de Tintas Automotivas, iniciada no dia 20, até a próxima Audiência, marcada para a próxima quarta-feira, 3 de julho. A orientação foi acatada como demonstração de boa-fé por parte dos trabalhadores/as e uma nova assembleia foi realizada nesta sexta, 28, com todos os trabalhadores/as da localidade.
Insegurança e descontentamento
Segundo o Sindicato, a Comissão de Fábrica e a CIPAA, a decisão da assembleia reflete a insegurança e o descontentamento dos trabalhadores da Demarchi.
Durante as negociações, a empresa propôs remanejar parte dos trabalhadores da ECO (Tintas Automotivas), com estabilidade, para o Setor ECD (Tintas Imobiliárias), que já possui trabalhadores/as contratados sem o adicional de periculosidade.
A fábrica de Demarchi, com cerca de 800 empregados, armazena grandes quantidades de produtos inflamáveis, aumentando os riscos de explosão.
No ano passado, houve um aumento no número de acidentes, como a implosão de um caminhão-tanque contendo acrilato de butila (altamente inflamável) e o vazamento de cerca de 2000 kg de resina durante um procedimento de limpeza de um tanque. Em 10 de abril deste ano, houve vazamento de 480 quilos de acrilato de butila, interrompendo a produção, inclusive. A poeira de dióxido de titânio também preocupa devido ao risco de explosão.
“Esse cenário causa insegurança e indignação, levando os trabalhadores da Suvinil a se somarem aos do Setor de Tintas Automotivas no movimento grevista”, afirmou Fabio Lins, secretário de administração do Sindicato dos Químicos do ABC e trabalhador na BASF Demarchi.
Denúncia à Alemanha e BASF fora do REIQ
Devido à prática desrespeitosa que a BASF vem adotando nos últimos anos, o Sindicato dos Químicos do ABC denunciou a BASF S.A. na Alemanha por expor os funcionários a riscos de saúde e segurança, tornando o Brasil o primeiro país no mundo à acionar a Lei Alemã de Devida Diligência na Cadeia de Suprimentos.
O Sindicato também exige que a BASF respeite as contrapartidas sociais de manutenção dos empregos, pois se beneficia da isenção de impostos, e, caso a BASF não apresente uma proposta aceitável, a entidade irá pedir a exclusão da BASF no REIQ (Regime Especial da Indústria Química).
“A sociedade brasileira renunciou aos impostos em troca de novos investimentos e manutenção e geração de emprego, não de demissões”, aponta Fabio.
Paralisações em outras localidades
Outras localidades podem aderir à greve, como ocorreu esta semana na BASF Jacareí.
Em protesto realizado pelo Sindicato dos Químicos de Jacareí, os trabalhadores atrasaram a entrada do turno da manhã por duas horas na terça-feira, 26, em solidariedade à luta de Demarchi e por reivindicações específicas.
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