As ruas ao redor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, ficaram repletas de trabalhadores e trabalhadoras durante o ato promovido pela Frente ABC contra o golpe, realizado nesta segunda-feira, 4 de março. O ex-presidente Lula participou da manifestação que, ao final, aprovou o “Manifesto em Defesa da Democracia e dos Direitos dos Trabalhadores”, com três principais eixos: defender a constituição e a democracia; barrar os desmandos na Câmara dos Deputados e retomar o crescimento mudando a economia.

O manifesto foi assinado pela Frente ABC Contra o Golpe, composta por sindicatos, partidos, movimentos sociais e lideranças da Região. 

Em seu discurso, Lula falou à militância sobre a importância de defender a democracia e a necessidade do governo ampliar o diálogo com movimentos sociais e realizar mudanças nos rumos da política econômica, medidas que serão sua prioridade como ministro convocado para a Casa Civil por Dilma.

“Quando cheguei ao governo, saímos de 2 milhões para 3 milhões de veículos vendidos ao ano. Colocamos mais de 100 mil trabalhadores dentro dessa categoria (metalúrgica) e estamos perdendo outra vez. Por isso, disse para a Dilma, venho pra cá, mas é preciso dar uma consertada na política econômica. É importante saber conversar com mercado, mas nosso mercado é o povo trabalhador, o povo consumidor, a dona de casa. É para esses que devemos governar prioritariamente”.

Ao mostrar que não acredita em possibilidade de conciliação, Lula afirmou que, a determinados setores, quanto mais se agrada, mais toma bordoada e aproveitou para lembrar o tratamento que sempre teve da velha mídia, ainda pior neste momento de crise.

“Primeira capa que ganhei da Veja foi quando, em 1980, fui cassado e tirado do sindicato. Não lembro de uma capa boa que a Veja me deu. Minha sorte é que está ficando cada vez mais magra, porque o povo também está aprendendo a discernir o que é verdade e mentira. Os meios de comunicação que deveriam ser para informar com sobriedade, hoje estão ocupados em desinformar e provocar o caos”, afirmou.

“Crime é chegar ao poder sem eleição”

Lula apontou o caráter golpista do impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff.  “Se é verdade que o impeachment está na Constituição, também é verdade que só pode ser colocado quando há crime de responsabilidade e a Dilma não cometeu nenhum crime de responsabilidade. Eles (golpistsa) é que estão cometendo ao tentar chegar ao poder sem disputar eleição e sem respeitar o voto popular que elegeu a Dilma”, falou o ex-presidente.

Para ele, o que amedronta os setores conservadores é justamente a continuidade de um modelo pautado pelo desenvolvimento com distribuição de renda.

“O país tem 500 anos e só temos 31 anos de democracia. Mas setores conservadores já se cansaram da democracia, não porque não seja boa, mas porque permitiu que, sem dar um único tiro, fizéssemos a mais importante revolução social da história desse país. O que deixa eles horrorizados é a possiblidade de o Lula voltar em 2018”, falou.

Com informações do ABCD Maior e CUT