Perdemos uma grande negociador e o ex- Diretor Técnico do DIEESE que atuou nos anos 70 e 80 como denunciador do arrocho salarial imposto pela Ditadura Militar
Por Remígio Todeschini, ex-presidente do Sindicato dos Químicos do ABC
Walter Barelli, faleceu com 80 anos, no último dia 18 de julho, após ficar em coma hospitalizado durante 3 meses, devido uma queda. Foi casado com Lourdes Barelli. Deixa os filhos Suzana, Pedro e Paulo Barelli, e cinco netos. Era economista, professor de Economia na Unicamp, PUC e Fundação Getúlio Vargas, e destacou-se entre os anos de 1966 a 1990 como Diretor Técnico do DIEESE denunciando o arrocho salarial da Ditadura Militar. Deu suporte técnico às greves durante os anos 70 e 80, no surgimento do Novo Sindicalismo, impulsionado no ABC e outras greves na grande São Paulo. Defensor da retomada da democracia no nosso país com o movimento das Diretas Já. Sabia traduzir no dia a dia de forma direta e clara aos trabalhadores a economia e dados de inflação, fazendo com que o DIEESE tivesse credibilidade crescente nas pesquisas e dados econômicos que eram apresentados à sociedade e ao movimento sindical.
Foi ministro do Trabalho do Governo Itamar Franco, após o processo de impeachment do ex-presidente Collor, denunciado por corrupção. Defensor no governo Itamar da valorização do Salário Mínimo, sendo um contraponto à política neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, que era ministro da Fazenda na época.
Barelli, deu suporte enquanto economista, ao governo paralelo de Lula, após a eleição de 1989. Esteve presente no encerramento do Seminário realizado pelo nosso Sindicato, do Seminário da Indústria Química ano 2000, realizado em maio de 1992. Esteve junto com o ex-presidente Lula quando lançamos no final do Seminário o : Programa Nacional de Desenvolvimento de Política Industrial do Ramo Químico. Sempre perguntava em encontros e reuniões que tínhamos junto ao Dieese na época, das novidades e lutas dos trabalhadores químicos do ABC.
Nesta época, também, estava em curso aqui no ABC, entre os químicos, o processo de privatização da antiga Petroquímica União ( atual Brasken), iniciado no governo Collor. Conseguimos, enquanto Sindicato dos Químicos do ABC, com a intermediação do Barelli como Ministro (1994) apresentar diversas irregularidades desse processo em uma audiência em Brasília junto ao presidente Itamar Franco, no Palácio do Planalto, além de tentarmos barrar esse processo na justiça.
Também recordo de uma audiência com Barelli em Brasília. Pressionávamos pela modificação da NR 5 para termos uma CIPA totalmente eleita pelos trabalhadores, porém Barelli, afirmara na audiência que não poderia numa canetada fazer mudanças sem um processo negocial com os patrões.
Após ser ministro do Trabalho, Barelli, foi Secretário de Trabalho de São Paulo, dando apoio a iniciativas de formação profissional entre às quais a dos Químicos do ABC. Foi deputado Federal pelo PSDB de 2003 a 2007.
Fazemos coro também à nota que o Dieese lançou por ocasião de sua morte: Foi sem dúvida um lutador incansável pelo fim da desigualdade, da distribuição de renda e emprego de qualidade. Barelli Presente.