A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SP foi a debatedora na atividade do Sindicato nesta segunda, 7 de março, em alusão ao 8M
Neste 7 de março, Mês da Mulher, a diretoria colegiada, por meio da Comissão de Mulheres Químicas do ABC, recebeu Márcia Viana (foto), secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SP para uma palestra/debate sobre o Empoderamento das Mulheres.
A atividade foi virtual, mas aberta, e contou com a participação de dirigentes sindicais de outras entidades, representações políticas – como a vereadora Ana Nice, de SBC, além da direção e militância do Sindicato.
Cassação de Arthur do Val
Abrindo a atividade, o presidente Raimundo Suzart agradeceu a presença da dirigente cutista, enfatizando o excelente trabalho que a companheira tem frente à Secretaria e remetendo ao caso dos comentários machistas do deputado Arthur do Val. “Um debate necessário num momento difícil pelo que aconteceu em relação às mulheres da Ucrânia, embora nenhuma surpresa: ele expressou o pensamento nazista, o pensamento da hegemonia da direita no Brasil”.
Marcia lamentou o episódio “machista e misógino” e reforçou a necessidade da mobilização da sociedade por uma punição exemplar, como a cassação do mandato do deputado paulista. “É a cultura patriarcal que a gente enfrenta todo o dia. Um absurdo termos esse tipo de representação no parlamento. Só com pressão popular vamos impedir que o caso seja abafado e ele permaneça no cargo”, disse a dirigente.
A diretora Lucimar Rodrigues, coordenadora da Comissão de Mulheres Químicas do ABC, também destacou a explanação “muito boa” de Márcia e destacou a simbologia da data. “Em busca da igualdade, o 8 de Março enfatiza a luta feminina pelos direitos e eu gosto muito dessa frase: queremos flores, mas também queremos respeito”.
Confira alguns trechos da explanação na dirigente Marcia Viana:
Desigualdade
A luta contra a desigualdade é diária, mas no mês de março temos mais possibilidade de refletir e debater. E essa luta não deve ser feita somente pelas mulheres, por isso é importante ter a presença de homens nas nossas atividades.
Mulheres da CUT
Nós, mulheres da CUT, nos tornamos referência no debate para políticas para as trabalhadoras no movimento sindical. Pioneiras na luta por creche, na defesa da autonomia financeira das mulheres; no debate sobre a responsabilidade dos cuidados com a família e a casa – não queremos ajuda, queremos compartilhamento das atividades -; nas campanhas contra todas as formas de violência contra a mulher; a luta pela aprovação da PEC das trabalhadoras domésticas, com valorização e direitos garantidos – que durou pouco, pois Temer e Bolsonaro acabaram com todos os direitos; portanto, um processo de muita luta e construção e as conquistas vão aparecendo.
Participação na política
Hoje a representação das mulheres no Parlamento está em torno de 15%, enquanto somos 52% da população. Precisamos avançar muito ainda.
Cotas e Paridade
As conquistas para ocupar espaços na direção da CUT começou em 1993, com a aprovação da cota dos 30% de mulheres na direção e em 2012 conseguimos aprovar a paridade de 50%. Nós somos frutos dessa paridade, não era pela falta de capacidade que a mulher não estava nas direções, mas pela falta de espaço. Hoje temos muitas entidades cutistas com cotas ou paridades nas direções, mas entre as centrais sindicais, somente a CUT tem a paridade estabelecida em congresso.
Machismo sindical
Ainda temos que avançar muito no próprio movimento sindical, pois não queremos só ocupar espaço, queremos estar junto. Para isso precisamos mecanismos formativos de incentivo à participação da mulher nos sindicatos. Ainda presenciamos muito machismo, piadas e assédio e isso silencia as mulheres.
Somos questionadas constantemente pela nossa capacidade, pois culturalmente não somos formadas para estar à frente de direções, do parlamento.
Estrutura patriarcal
Chamamos de “telhado de cristal” as barreiras que as mulheres sofrem no ambiente de trabalho e que fazem com que as elas permaneçam sempre na base da pirâmide. Quando elas conseguem ascensão, são rotuladas como “mulher macho”, “amante do diretor” e nunca sobre nossa capacidade. A estrutura patriarcal é assim: não fomos criadas para estar nos espaços de poder. E nos ferimos muito na quebra desse “telhado”, mas é uma luta que precisa continuar até para que outras mulheres possam ter emprego, votar e ser votada, não sejam agredidas e não serem mortas por serem mulheres.
Não seremos uma sociedade justa, digna e humana se não combatermos a violência e o assédio em todos os espaços.
Eleições 2022
Este ano teremos eleições e é o ano de nossas vidas, de lutar para que este país volte a encontrar o caminho da reconstrução nacional. No chão da fábrica, na direção e nos coletivos dos sindicatos, temos que ter a consciência da mobilização da população para enfrentar esse momento e transformar a realidade.
Não temos dúvida que somente Lula fará a gente avançar nas políticas públicas, trazendo de volta à dignidade ao nosso povo sofrido.