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Nos últimos 17 meses o Ramo Químico perdeu quase 86 mil postos de trabalho

08/07/2016 às 15h45

Campanhas salariais deste segundo semestre serão desafiadoras

Fonte: CNQ-CUT

O ciclo virtuoso da economia brasileira foi interrompido, o país sofre os impactos da desaceleração do crescimento econômico da China e de outras potências, somado à grave crise política interna e os desdobramentos da Operação Lava Jato. Resultado: queda na produção industrial, no consumo e perda de postos de trabalho. Neste cenário, as campanhas salariais do ramo químico do segundo semestre terão dificuldades de garantir ganho real e até a reposição integral da inflação.

A direção da executiva da CNQ, CUT, reunida em São Paulo desde o dia 5 de junho, debruçou-se sobre este tema e aprovou alguns encaminhamentos rumo à proposta da CUT de realizar uma campanha salarial unificada das categorias com data-base neste segundo semestre.

“Será um momento difícil para as campanhas salariais porque estamos saindo de um período de mais de dez anos com facilidade de conquista de ganho real nos salários e agora teremos dificuldade até de repor a inflação, gerando perdas salariais. O objetivo da unificação das campanhas salariais é fazer também um enfrentamento à ofensiva do governo contra os direitos dos trabalhadores, como terceirização, aumento da idade para aposentadoria, além do reajuste salarial”, explica o diretor da CNQ-CUT, Carlos Itaparica, do Sindiquímica Bahia.

Retração no Ramo

Na breve análise setorial do ramo químico, apresentada pela economista Rosângela Vieira, da Subseção Dieese da CNQ/Fetquim, alguns dados se destacam para entendermos o número crescente de demissões.

Na cadeia da indústria química, de maio de 2015 a abril de 2016 houve um desempenho negativo nos índices que medem a demanda do mercado local. As vendas internas caíram em torno de 7% e o índice de utilização de máquinas e equipamentos também está em queda.

Analisando por setor, segundo os dados do IBGE, somente os produtos de limpeza e o setor Papel e Celulose tiveram alta na produção, os demais foram negativos: químicos inorgânicos   (- 6,7%); adubos e fertilizantes (- 6,5%); químicos orgânicos (-1,1%), tintas e vernizes (-7,8%), plásticos (-12,5%), cosméticos (-3,4%); borracha (-10,4%), e vidros (-6,6%).

“O Setor Papel e Celulose é analisado de maneira conjunta, contudo a fabricação de produtos de papel tem obtido resultados negativos, já a fabricação de celulose apresentou crescimento de 14,1% no acumulado dos últimos 12 meses com utilização da capacidade produtiva de 86,7%, tal resultado foi impactado por conta das exportações. Na fabricação de  produtos de limpeza e polimento a alta ficou em 5,4%, com uma movimentação de trabalhadores também positiva (abertura de postos de trabalho) ”, observou Rosângela.

Demissões

No Ramo Químico, os dados do Ministério do Trabalho e Emprego apontam fechamento de cerca de 13 mil postos de trabalho de janeiro a maio deste ano. Se considerarmos o período de janeiro de 2015 a maio de 2016 (últimos 17 meses), o Ramo Químico perdeu quase 86 mil postos de trabalho.

“Queda na produtividade, reflete no desemprego. Houve queda de postos em todos os setores, exceto farmacêuticos, higiene pessoal e produtos de limpeza. No setor Plásticos, 4.100 postos de trabalho foram fechados este ano”, destacou.

Nenhum Direito a Menos!

A presidenta da CNQ, Lucineide Varjão, e o Secretário Geral Itamar Sanches, que participaram da reunião da CUT que deliberou pela unidade dos ramos nas campanhas salariais, colocaram os próximos passos dessa decisão: a realização de um ato de lançamento do manifesto das campanhas salariais unificadas no próximo dia 28/7, em frente à sede da Fiesp, em São Paulo; e um encontro da classe trabalhadora ainda sem data e local definido.

Para organizar o ramo químico, a direção executiva deliberou por realizar uma reunião dos técnicos do DIEESE dos sindicatos do ramo que tem subseção e, na sequência, reunião dos os sindicatos no próximo dia 20, em São Paulo. “Nosso objetivo central é discutir as campanhas salariais do ramo no segundo semestre; o encontro da classe trabalhadora que a CUT está chamando e outras estratégias para nossa campanha”, pontua Lucineide Varjão.