Foi com muita tristeza que a diretoria do Sindicato dos Químicos do ABC recebeu a notícia do falecimento do senhor Trajano José das Neves, ex-presidente da entidade, nesta quarta-feira, 11/10, aos 97 anos de idade.

Trabalhador da Rhodia e da Eletrocloro/Solvay (atual Unipar Indupa), Trajano José das Neves venceu as eleições do Sindicato em 1955, mas, acusado de ser comunista, foi impedido de assumir o cargo. Nessa época, a simples suspeita de que um líder pudesse organizar as reivindicações da categoria era pretexto para o Ministério do Trabalho intervir no Sindicato, o que de fato aconteceu, tendo o ex-presidente Antônio Gouveia recebido o posto de interventor.

Mas a situação política e econômica nacional começou a mudar e, com a posse de Juscelino Kubitschek, em 1956, a intervenção terminou e Trajano tomou posse, começando sua trajetória como presidente do Sindicato que perdurou por mais de dez anos, até 1968.

Em entrevistas, Trajano definiu o período em que presidiu o Sindicato dos Químicos do ABC como um período de dificuldades, principalmente por causa do golpe militar de 1964.

“Eu fui o único presidente de um sindicato da região que não foi preso naquele ano. Mas isso aconteceu porque eu fiquei três dias escondido dos militares”, revelou. Naquela época, os sindicatos eram vistos como opositores ao governo.

Neves contava com orgulho que também foi criador, no comando da entidade, do projeto do abono salarial de Natal. “Fui até Genebra (Suíça – a convite do governo federal) apresentá-lo. Depois de uns anos (em 1962), criaram a lei do 13º salário”.

O velório do companheiro Trajano foi realizado nesta terça-feira, no Memorial Ossel, em São Caetano.

A direção da entidade homenageia Trajano e manifesta sua solidariedade com familiares e amigos nesse momento de dor.

Que Trajano José das Neves descanse em paz.

Com informações de Ademir Medici no DGABC  e no Livro dos 70 anos do Sindicato