Primeiramente, é preciso reconhecer que a comissão interna de prevenção de acidentes de trabalho deve ter um papel influenciador junto ao serviço de medicina e segurança do trabalho na identificação, reconhecimento do
adoecimento dos trabalhadores e sugestão de medidas para a prevenção não somente de acidentes típicos como também das doenças relacionadas ao trabalho.
Em segundo lugar, este papel diversificado deve ser efetuado pela interação da CIPA com o SESMT na participação deste último, por exemplo, nas reuniões periódicas da CIPA, minimamente. A intenção é de que ambos possam trocar informações que permitam identificar o adoecimento dos trabalhadores e trabalhar em conjunto para a melhoria da qualidade do ambiente de trabalho.
Em terceiro lugar é necessário o entendimento de que a doença relacionada ao ambiente de trabalho se manifesta de formas diferentes, porém sua história é contada no adoecimento dos trabalhadores, com uma evolução característica
determinada pela interação dos riscos ocupacionais e o processo de funcionamento do ambiente de trabalho com os trabalhadores. Por processo de funcionamento, entenda-se não só aquele relacionado às diferentes etapas do
processo de produção e como elas se inter relacionam, mas também como ocorre seu gerenciamento pela empresa, ou seja, é preciso entender de que forma o processo de produção é controlado em seu funcionamento e como os
trabalhadores participam deste gerenciamento.
É preciso reconhecer que as mudanças na qualidade do ambiente de trabalho devem ser efetuadas com a participação dos trabalhadores pois são na verdade eles que atuam para levar adiante o funcionamento do ambiente de trabalho e sofrem as consequências da ação dos riscos ocupacionais. O mais importante é que haja a interlocução regular entre o SESMT e a CIPA. Sem informação, não há uma ação consequente.
Ivan Costa
Médico do trabalho do Sindicato dos Químicos do ABC