Presidente do Sindicato cobra contrapartidas sociais da indústria química em Seminário realizado em Santo André
Presidente do Sindicato cobra contrapartidas sociais da indústria química em Seminário realizado em Santo André
“Acabamos de ouvir uma coisa muito preocupante. Dos milhões de reais em investimentos que serão feitos no país pelas indústrias químicas e petroquímicas nos próximos anos, nenhum centavo virá para o Grande ABC. Precisamos dialogar sobre isso”, enfatizou o presidente Paulo Lage durante sua apresentação no seminário promovido pela Frente Parlamentar em Defesa da Competitividade da Cadeia Produtiva do Setor Químico, Petroquímico e Plástico, realizado em 2 de maio passado, na sede do Consórcio do Grande ABC.
Antecedido pelo presidente da Eleikeiroz, Marcos A. De Marchi, que abordou os investimentos previstos pelo setor químico e petroquímico, Paulo Lage destacou a importância dos prefeitos estarem presentes no evento e o desafio imediato de identificar o perfil da nossa região e buscar investimentos para que o setor cresça no Grande ABC.
“A Solvay está para ser vendida e isso pode resultar em fechamento da fábrica ou mudança da produção de PVC para outro estado. Não serão só postos de trabalho a menos, a arrecadação de impostos para Santo André também será afetada. É urgente analisarmos os motivos que estão afastando grandes empreendimentos industriais da nossa região”, disse Lage.
A alta rotatividade no emprego também foi apontada por Lage como outro grave problema do ramo químico. Segundo levantamento do Sindicato dos Químicos do ABC, foram computadas 262.504 demissões nos diferentes segmentos da indústria química brasileira no ano de 2012, que fechou um saldo positivo de 12.270 postos de trabalho porque 274.774 trabalhadores foram admitidos. “Por falta de mecanismos legais que limitem a demissão imotivada, tem empresa que demite trabalhador para contratar outro com salário 15% menor”, comentou.
De acordo com a subseção Dieese do Sindicato, esta indesejada movimentação significou, no Estado de São Paulo, uma taxa de rotatividade de 30% na indústria do plástico, 28% no setor de cosméticos e 13% no setor farmacêutico. Ressalte-se que o salário pago aos trabalhadores admitidos na indústria química brasileira em 2012 é 16% menor do que o valor que era pago aos trabalhadores demitidos no mesmo período
No Seminário, Lage destacou ainda a efetiva participação do Sindicato dos Químicos do ABC, da CNQ e da CUT para que o governo federal tomasse medidas em defesa da indústria química, reduzindo tarifas e impostos.
“Só em relação às contas de energia elétrica, a indústria chegou a ganhar redução de até 32% e no setor petroquímico a energia representa um dos maiores custos. Então queremos que as contrapartidas sociais sejam colocadas na mesa. Queremos uma indústria química forte, mas a queremos no ABC e com empregos de qualidade”, afirmou o presidente do Sindicato.
Segundo estudo do DIEESE, com base em dados do IBGE, em 2010, a indústria química gastou com energia elétrica e combustível o montante de R$ 6 bilhões, o que representou 11,1% do total dos custos e despesas do setor. Se em 2010 fosse válida a medida de redução da tarifa de energia elétrica decretada pela Presidenta Dilma, a economia do setor com essa despesa seria da ordem de R$ 1,9 bilhão. Segundo a própria entidade representativa das indústrias químicas, a ABIQUIM, em setores da indústria que utilizam muita energia, como a produção de cloro-soda e gases industriais, o gasto com energia pode chegar a 70% do custo variável. Nos demais casos da química, os gastos com energia representam algo entre 20 e 30%.
Concluindo sua apresentação, Paulo Lage reafirmou a urgência em reativar o GT Petroquímico-Plástico, espaço tripartite que catalisou, entre outras ações, a ampliação da capacidade produtiva do pólo petroquímico de Capuava e a aproximação estratégica entre a indústria petroquímica e a indústria de transformação plástica.