A história da área de Saúde e Segurança no Brasil está entrelaçada com a história do nosso Sindicato, que em seus 85 anos de fundação, tem a marca da luta contra as contaminações, acidentes e defesa intransigente da saúde do trabalhador e da trabalhadora química.
Assim, o 28 de Abril – Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, que abre as celebrações do 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, é uma data muito significativa para o Sindicato.
É o momento de homenagear as vítimas, mas também reafirmar a disposição de luta para dar fim a um ambiente de trabalho que adoeça, incapacita ou mate.
Este ano as ações tiveram início logo pela manhã com a realização de um ato de protesto na empresa Drypol Ambipar Environmental Pet Solutions, localizada em Diadema.
Nessa empresa, dia 9 passado, um trabalhador prestador de serviço caiu do telhado, após realizar reparos nas telhas. Diante dos fatos, o Sindicato solicitou fiscalização ao Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), e vem acompanhando as ações de melhorias, para que outros acidentes não venham ocorrer.
Reunião Comsat
Após o ato, houve uma reunião da Comsat – Comissão de Saúde do Trabalhador do Sindicato, e em seguida, começaram a se organizar para dirigirem-se a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), em São Paulo, para um evento também alusivo ao 28 de Abril.
Ato político na Fundacentro
O ato político na Fundacentro integra a Campanha Abril Verde, de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Canpat) e o debate foi em torno do tema “Panorama da Saúde do Trabalhador: Desafios para a Reconstrução.
Também foi realizada a posse do médico sanitarista Pedro Tourinho na presidência da Fundacentro.
O diretor do Sindicato José Freire, que é secretário de Saúde do Trabalhador da CUT-SP, compôs a mesa da solenidade, entre outros sindicalistas.
“No ano de 2022 o Brasil registrou mais de 600 mil acidentes de trabalho e mais de 2.500 mortes, por esse motivo devemos unir esforços, trabalhadores, empregadores conscientes da sua responsabilidade social, governo e técnicos de segurança para lutar contra as tragédias no mundo do trabalho decorrentes dos acidentes de trabalho que dilaceram e abreviam vidas dos trabalhadores, causando perdas irreparáveis.”, pontuou o secretário de Saúde, Trabalho e Meio Ambiente do Sindicato, Paulo Sérgio da Silva Lima.
A origem do 28 de Abril
A médica sanitarista Vera Lúcia Salerno lembra que origem do esforço em lembrar das vítimas e destacar acidentes evitáveis foi uma explosão ocorrida em mina de carvão nos Estados Unidos em 1968.
Dentro da mina estavam 99 trabalhadores e 21 conseguiram ser resgatados. Os outros 78 trabalhadores morreram presos lá dentro. Dezenove corpos nunca foram encontrados.
A mina apresentava problemas desde 1909 (vazamento de gás) mas produzia muito carvão.
Em 1954 uma explosão matou 16 trabalhadores, mas a mina continuou funcionando e produzindo muito carvão até 1968, quando houve a explosão que deu origem à iniciativa de homenagear os trabalhadores mortos em acidente de trabalho e reivindicar mudanças que protegessem a vida dos trabalhadores.
“Você pode nunca ter tomado conhecimento dessa história dos mineiros mortos, mas certamente conhece outras histórias parecidas: situações de trabalho amplamente conhecidas que põe em risco a saúde e a vida, mas que permanecem as mesmas, com melhorias adiadas a cada dia. E que resultam em sofrimento, invalidez, doenças e morte. A palavra ‘acidente’ deveria ser usada para expressar uma situação inesperada, uma ocorrência imprevista. Mas frequentemente os acidentes são previsíveis, quase esperados, ligados a correria, cobranças excessivas por produção, instrumentos de trabalho que não funcionam como deveriam, espaço de trabalho ruim, organização do trabalho feita por quem não conhece o trabalho”, aponta Vera.