Contrato fechado pela empresa garante fôlego à linha 9mm, mas categoria segue mobilizada contra cortes e em defesa da indústria brasileira
O “tarifaço” imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a pedido da família Bolsonaro, já reflete suas consequências na categoria química do ABC. Na CBC/TAURUS, em Ribeirão Pires, a sobretaxa ao aço vem provocando demissões, ameaça de transferência de produção para os EUA e insegurança sobre o futuro dos empregos.
Diante desse cenário, o Sindicato dos Químicos do ABC e a OLT realizaram na sexta-feira (22) uma assembleia na portaria da empresa, durante a troca de turnos, para debater com os trabalhadores alternativas que garantam a manutenção dos postos de trabalho.
Na assembleia, a direção da empresa comunicou que conseguiu fechar um contrato que garante a retomada da linha de 9mm no Brasil, o que dará um fôlego e reduzirá os impactos imediatos. Diante disso, os trabalhadores decidiram não aprovar, por enquanto, a pauta de greve e autorizaram a renovação do acordo de jornada de trabalho por mais um ano, mantendo o Sindicato/OLT na mesa de negociação.

Sindicato e OLT juntos na defesa dos empregos e direitos na CBC
Para entender a situação dap tarifaço na CBC
Desde que o tarifaço foi implementado, o Sindicato vem se reunindo semanalmente com a empresa para negociar medidas que reduzam os impactos sobre a categoria. No primeiro momento, a sobretaxa já resultou na demissão de dezenas de trabalhadores.
A pressão do Sindicato e da OLT garantiu a extensão de benefícios como convênio médico e vale-alimentação aos demitidos, e a concessão de férias coletivas para os trabalhadores da linha de 9mm e setores de apoio.
A maior preocupação, no entanto, era com o futuro dessa linha de produção. A empresa anunciou publicamente que a fabricação do calibre 9mm seria transferida para os Estados Unidos e que as máquinas já estão lacradas, o que acendeu um alerta o risco de perda definitiva de empregos no país.
Para enfrentar essa ameaça, o Sindicato/OLT protocolou uma pauta com propostas de alternativas para evitar novos cortes, incluindo licença remunerada, PDV, layoff, banco de horas, aproveitamento em outros setores e prioridade de readmissão dos demitidos caso o quadro seja revertido.

Paulo José dos Santos (Paulão)
Defesa dos empregos e soberania nacional
“O que está em jogo não é apenas o emprego dos trabalhadores da CBC, mas a defesa da indústria nacional e da soberania do nosso país. Não aceitaremos que máquinas e postos de trabalho sejam levados para fora. O Sindicato seguirá firme na luta para garantir que os empregos continuem aqui, no Brasil”, afirmou Paulo José (Paulão), secretário geral e de imprensa do Sindicato dos Químicos do ABC e trabalhador na CBC.