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Trabalhadores em todo o mundo dizem Não ao Trabalho Precário!

08/10/2015 às 12h06

Sindicato promove ato em defesa do trabalho decente com trabalhadores da CBC

Neste 7 de outubro – Dia Mundial de Combate ao Trabalho Precário -, trabalhadores de mais de 45 países realizaram protestos e manifestações nas fábricas pelo trabalho decente. Em São Paulo, lideranças do IndustriALL Global Unión e da CNQ participaram de uma assembleia de protesto com os trabalhadores e trabalhadoras do turno da tarde da empresa CBC, em Ribeirão Pires, organizada pelo Sindicato dos Químicos do ABC.

Essas manifestações integram o projeto desenvolvido por IndustriALL Global Unión na luta contra o trabalho precário e em defesa do trabalho decente desenvolvido há cerca de cinco anos em países de vários continentes, entre os quais Ásia, Europa e América Latina.

O secretário geral de IndustriALL, Kemal Özkan, escolheu participar este ano de atos no Brasil devido à luta contra o projeto de lei 4330, aprovado pelos deputados federais, que agora tramita no Senado sob o número PLC 30/2015. Tal projeto libera a terceirização de forma geral, desregulamentando por completo as relações de trabalho. Mas o problema da precariedade no trabalho acontece no mundo todo.

“Hoje 40% dos trabalhadores do mundo estão na economia informal e 65% dos trabalhadores nos países em desenvolvimento são contratados precariamente. Esta situação tem que mudar imediatamente”, afirma Kemal, que falou aos trabalhadores(as) durante o protesto na CBC.

Kemal ressalta que, em todo o mundo, os empregadores vêm aumentando as formas precárias de contratação de trabalho, como temporários, terceirização, para reduzir salários e custos com as condições de trabalho. “Ao mesmo tempo, governos mudam as legislações para flexibilizar as condições de trabalho, para facilitar demissões e anular os contratos de empregos formais, trabalhando a favor das empresas”, observa Kemal. Para ele, isso é uma grande ameaça sobre a democracia, sobre os direitos dos trabalhadores, sobre os direitos sindicais e sobre a base da sociedade. “Goastaríamos de ter direitos permanentes no presente, no futuro, para os nossos filhos, para o futuro da sociedade”.

Manifestações na América Latina

Devido aos projetos de lei da terceirização, no Brasil o projeto do IndustriALL é no sentido de armar os sindicatos filiados para combater e não permitir sua aprovação, mas o sindicato global organizou manifestações em outros países da América Latina.  “É um projeto mundial, mas há uma coordenação da América Latina que está realizando atividades, além do Brasil,  no Chile, Argentina e Colômbia, países escolhidos por conta de uma maior degradação nas condições de trabalho como a terceirização, o chamado trabalho negro na Argentina – que é a contratação de migrantes para atividades que deveriam ser feitas por trabalhadores diretos”, explica Elias Soares (Pintado), coordenador do projeto contra o Trabalho Precário do IndustriALL na América Latina.

Além das manifestações nacionais, aconteceram também manifestações específicas de luta nas diferentes unidades de 14 países da empresa Rio Tinto (setor de mineração) e nas unidades da LafargeHolcim (cimenteira), nas quais o IndustriALL desenvolve campanhas contra as práticas trabalhistas. 

Dia de Indignação e de Solidariedade

A presidenta da CNQ, Lucineide Varjão, também falou aos trabalhadores(as) da CBC durante a manifestação. Lucineide pediu a todos os trabalhadores formais que demonstrassem neste 7 de outubro sua solidariedade aos terceirizados da empresa. “Hoje é um dia que marca nossa indignação diante de todas as formas de precarização, e a terceirização significa trabalho precário. O trabalhador terceirizado, por exemplo, recebe 27% menos que um trabalhador direto. Nossa luta é para que todos tenham mesmos benefícios dentro da empresa, direitos iguais, e que os terceirizados não sejam expostos a tantas humilhações. Nós estamos aqui para defender o direito também daqueles que são trabalhadores direitos para que permaneçam assim, sem serem terceirizados e, portanto, precarizados”, disse.

Terceirização e acidentes de trabalho

Lembrando que a CBC é uma empresa de armas e que os riscos são iminentes quando um setor é terceirizado, o presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Raimundo Suzart, reforçou a posição da entidade de não aceitar nenhum tipo de terceirização. “Toda vez que há a terceirização a gente já sabe o que vai acontecer: mais acidentes de trabalho e cada vez mais graves; por isso nossa diretoria é contra qualquer tipo de terceirização e estamos juntos na luta contra o PL 30 que dá direito da empresa terceirizar todos os trabalhadores”, disse.

A CBC tem cerca de 1400 trabalhadores, sendo 20% deles terceirizados.

Raimundo também falou do cenário difícil da campanha salarial do setor químico que está em curso e que a luta é por nenhum direito a menos. “Não aceitaremos nenhuma redução de direitos e partimos do princípio que reposição da inflação é um direito”, destacou.

Fotos: Valdir Lopes