Centrais marcaram uma nova reunião para segunda-feira (16) para discutir crises sanitária e econômica em curso no país e para tomar as decisões necessárias
A pandemia (disseminação mundial) do novo coronavírus (Covid-19), anunciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e seus impactos na vida e no trabalho dos brasileiros e das brasileiras dominou os debates da CUT e demais centrais, em reunião realizada nesta quinta-feira (12), na sede do Dieese, em São Paulo.
Os sindicalistas decidiram manter o calendário de mobilização e exigiram que o Congresso Nacional suspenda a tramitação de pautas que retiram direitos da classe trabalhadora, como a Medida Provisória (MP) 905, do Contrato Verde e Amarelo e decisões do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) que desmontam áreas como a saúde e a educação.
A classe trabalhadora tem que estar atenta à gravidade da situação, mas tem de manter sua agenda de mobilização, afirmou o presidente da CUT, Sergio Nobre.
“Estamos em estado permanente de avaliação e diariamente vamos sentar e conversar sobre a evolução do quadro e tomar as medidas que forem necessárias. O momento é de gravidade, estamos muito preocupados com os impactos econômicos e sociais dessa pandemia”, ressaltou o dirigente.
Nota pública
Depois da reunião, os sindicalistas publicaram uma nota em conjunto cobrando do governo ações de proteção aos trabalhadores e as trabalhadoras contra o coronavírus, defendendo o fortalecimento da rede pública de saúde e reivindicando que o Congresso suspenda tramitação de medidas que atacam direitos sociais e trabalhistas.
“Esse momento demanda do Estado brasileiro, em seus três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), a compreensão de sua excepcionalidade e a importância da ampla concentração das ações em medidas emergenciais para o enfrentamento da crise”, diz trecho do documento assinado pela CUT, Força Sindical, CTB, NCST, UGT, CGTB, CSP, Conlutas e Intersindical – Central da Classe Trabalhadora.
O presidente da CUT ressaltou outra informação que foi publicada nesta nota de que uma nova reunião será realizada para avaliar o cenário nacional. “Na próxima segunda-feira (16) a CUT e centrais voltarão a se reunir e tomar as decisões que forem necessárias”.
Preocupação
Sergio Nobre e os outros representantes das centrais sindicais também destacaram a preocupação com parcelas da classe trabalhadora que estão mais expostas ao coronavírus, como os trabalhadores do transporte público e da área de saúde.
Segundo o presidente da CUT, o momento é de tomar medidas para evitar a propagação do coronavírus e proteger a classe trabalhadora.
“A gente sabe que isso tem um custo à sociedade, inclusive já tem empresas paralisando a produção, que já deram férias coletivas aos trabalhadores e daqui a pouco vão querer reduzir jornada e o salário, com o que nós não concordamos”, ressaltou Sérgio Nobre se referindo a posição da CUT e demais centrais que lutam pela manutenção e ampliação dos direitos da classe trabalhadora.
Para Sérgio Nobre, medidas individuais e coletivas têm que ser tomadas, mas essas medidas precisam ser discutidas com a classe trabalhadora, com as centrais sindicais. “Estamos [as centrais] nos colocando à disposição das autoridades para contribuir no combate à propagação do coronavírus”.
Íntegra da Nota das Centrais
As Centrais Sindicais reunidas nesta quinta-feira, 12/03/2020, em São Paulo para discutir a declaração de pandemia global pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em decorrência do novo coronavirus se coloca na defesa de ações coletivas de prevenção à propagação do vírus e seus impactos sociais e econômico.
As entidades entendem que esse momento demanda do Estado brasileiro, em seus três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), a compreensão de sua excepcionalidade e a importância da ampla concentração das ações em medidas emergências para o enfrentamento da crise.
Ao mesmo tempo, as Centrais reivindicam a suspensão das discussões de medidas que atacam os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras no Congresso Nacional, como por exemplo, a MP 905/2019, a Carteira Verde e amarela. Nesse sentido, propomos um amplo diálogo com a sociedade e com o Congresso Nacional para definir as medidas necessárias para conter a crise do coronavírus e a crise econômica.
As Centrais Sindicais também reafirmam que é fundamental a abertura do debate para elaborar medidas emergenciais para a proteção de todos os trabalhadores e trabalhadoras, formais e informais, e de seus empregos e renda, no período que a pandemia estiver decretada, além de medidas específicas para os trabalhadores e trabalhadoras da saúde, educação e transporte público que estão mais expostos ao contágio.
As entidades reforçam a relevância do fortalecimento da saúde pública, dos serviços públicos e de seus trabalhadores e trabalhadoras, considerando que nessa crise é fundamental para a mitigação dos riscos e o controle da doença, que ameaça se ampliar em nosso país. Esse fortalecimento é fundamental para a proteção individual e coletiva e para a efetivação da tarefa social dos serviços públicos.
As Centrais Sindicais se mantêm em avaliação permanente, com uma reunião agendada na próxima segunda, as 10h, na sede do DIEESE, para discutir a crise sanitária e econômica em curso no país e para tomar as decisões que se fizerem necessárias nesse momento. As Centrais reforçam a importância das mobilizações da classe trabalhadora.
CUT – Central Única dos Trabalhadores
FS – Força Sindical
CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
NCST – Nova Central Sindical dos Trabalhadores
UGT – União Geral dos Trabalhadores
CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil
CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros
CSP – Conlutas – Central Sindical e Popular – Conlutas
Intersindical – Central da Classe Trabalhadora