No ato em São Paulo Lula reforçou que o amor vencerá o ódio, trabalhador terá seu poder de compra de volta, e sindicatos, cultura, educação e saúde serão valorizadas novamente
Em defesa da Política de Valorização do Salário-Mínimo, pela volta do poder de compra do trabalhador e da trabalhadora, pelo combate à inflação, pela volta do diálogo com os sindicalistas, pela apuração de quem mandou matar a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e que o amor vença o ódio, o ex-presidente Lula discursou diante de milhares de pessoas, neste 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora, na Praça Charles Miller, no Pacaembu, em São Paulo.
Ao começar a falar, Lula teve pediu desculpas aos policiais por ter dito que o atual presidente não gostava de gente, só de policiais, ao reconhecer que errou ao dizer isso ao invés de falar em milícias.
“Bolsonaro só gosta de milícias e eu peço desculpas aos policiais, que muitas vezes cometem erros, mas salvam muita gente do povo trabalhador e eles são trabalhadores como os demais desse país”.
Lula também falou sobre a decisão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) que considerou o ex-juiz Sergio Moro parcial nos julgamentos contra ele. Disse que o relatório da ONU, em suas palavras, reconheceu que ele foi vítima de “sacanagem”, e é preciso que o governo peça desculpas a ele para reestabelecer a verdade no país.
O ex-presidente teve o cuidado de declarar que não é ainda candidato à presidência da República e que não poderia falar de eleições, e que estava ali para discutir os problemas dos trabalhadores e trabalhadoras do país e fez questão de se direcionar aos mais jovens afirmando que nos governos do PT a vida era melhor.
“Vocês leram que a inflação é a maior dos últimos 27 anos. Isso significa que o salário-mínimo diminuiu, o carrinho tem menos compra. Na mesa na hora de almoço têm menos alimentos para suas famílias comerem. Nossa luta será a de diminuir a inflação e aumentar salários para que o povo possa comer e viver melhor nesse país”, afirmou Lula.
Ele lembrou que hoje 19 milhões de brasileiros passam fome e que 116 milhões passam algum grau de insegurança alimentar, e que para vencer a fome é preciso ter emprego. Segundo Lula, nos governos do PT , foram abertos 22 milhões de vagas de emprego com careteira assinada. E as centrais sindicais sabem que 90% dos acordos salariais tiveram aumento real e hoje apenas 7% têm.
“Se preparem, se tivermos um novo presidente, ao invés de ficarem xingando [Bolsonaro] vamos sentar numa mesa de negociação para a gente reestabelecer as condições de trabalho e os direitos dos trabalhadores”.
Sobre educação, Lula disse que vai abrir milhares de bibliotecas e não clubes de tiros como faz Bolsonaro. “Vamos abrir bibliotecas para que o povo aprenda a ler. Vamos levar internet a cada lugar deste país, para que o camponês e o filho dos mais pobres tenham direito a navegar na internet como os filhos deles”, declarou.
Lula voltou a lembrar que o Brasil é um país extraordinariamente rico, grande, com povo bondoso, que tem uma sociedade que é uma mistura de negros, europeus e indígenas e essa miscigenação produziu o povo mais feliz do mundo.
O ex-presidente disse ainda que além de recuperar o Ministério da Cultura, tem a intenção de criar comitês de cultura, já que o setor é responsável pela criação de milhares de empregos.
1º de Maio pelo Brasil
No Dia Internacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, milhares de pessoas ocuparam as ruas do país neste domingo (1º) contra a inflação, o desemprego e a fome. Foi o fim de um hiato de dois anos sem manifestações do 1º de Maio por causa da pandemia de coronavírus.
Os atos político-culturais foram convocados em todo o país por centrais sindicais, organizações e movimentos populares. Houve também a participação de trabalhadores formais e informais, além de desempregados.
O tom geral foi de insatisfação com a política econômica e aos arroubos antidemocráticos do governo de Jair Bolsonaro (PL), que impõe cada vez mais a piora das condições de vida da classe trabalhadora.
Em São Paulo (SP), o destaque foi o discurso do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Em Brasília (DF), trabalhadores celebraram o 1º de Maio no estacionamento da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Na programação, música, cinema e política. As falas foram de esperança em um país com emprego, renda e comida no prato.
Em Fortaleza (CE), a concentração foi na Areninha do bairro Pirambu. Manifestantes levaram cartazes lembrando os 12 milhões de desempregados.
No sertão de Pernambuco, Petrolina (PE) foi palco de um ato político na feira do São Gonçalo, zona oeste da cidade. A proposta da organização foi dialogar com os trabalhadores que garantem a comida na mesa da população.
Em Belo Horizonte (MG), o 1º de Maio começou com um ato na praça Afonso Arinos. A marcha seguiu até a praça da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde acontecia a feira da Reforma Agrária do MST. Já na capital Recife, centrais sindicais realizaram um ato no Parque Treze de Maio, área central da cidade.
O ato em Maceió (AL) reuniu movimentos do campo e da cidade na orla da capital alagoana. A multidão bloqueou o trânsito na avenida litorânea. Uma comitiva de trabalhadores dos Correios denunciou a intenção do governo federal de privatizar a estatal.
Já na região Sul, mais de mil manifestantes se reuniram em Florianópolis (SC) para fazer do 1° de Maio mais um dia histórico de luta em defesa dos direitos, da democracia, da vida e pelo fim do governo Bolsonaro.
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