Os sindicatos filiados à Federação dos Trabalhadores do Ramo Químico do Estado de São Paulo – FETQUIM – participaram de um seminário nesta sexta-feira, 14/09, para definir a pauta de reivindicações e as estratégias de luta para a campanha salarial do setor químico, que tem data base em 1º de novembro.
Antes dos participantes se debruçarem sobre as reivindicações e perspectivas discutidas nas respectivas assembleias sindicais, a Subseção Dieese CNQ/Fetquim apresentou dados sobre o setor químico, que registra um cenário estável em relação ao ano passado, apesar da elevação cambial que traz impactos à indústria na importações de matérias primas.
Em seguida, os presentes dialogaram sobre o cenário político, destacando que a indústria química, dominada por multinacionais estrangeiras, apoiou o golpe. “Trata-se da concorrência mundial entre os capitais que já decidiu que quer produzir barato no Brasil, explorando mais os trabalhadores”, destacou o assessor econômico Vitor Tonin, do Sindicato dos Químicos Unificados. Ele enfatizou que não é o momento de se fazer qualquer concessão em relação a direitos historicamente conquistados, pois há a possibilidade de eleger um governo progressista que revogue a reforma trabalhista.
Nenhum Direito a Menos
Após debate das propostas encaminhadas pelos sindicatos, foi fechada a pauta de reivindicações para as cláusulas econômicas. A proposta é que o salário normativo seja de R$ 1.700 e o reajuste salarial contemple a reposição da inflação (INPC) mais 5% de aumento real. Para Participação nos Lucros e Resultados (PLR) mínima, o valor reivindicado é o equivalente a dois pisos salariais e seria incluída taxa negocial para todos os trabalhadores. As entidades também aprovaram a proposta de que a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) tenha validade por 2 anos.
A pauta será apresentada aos patrões no próximo dia 26 de setembro.
Unidade
O Seminário foi aberto pelo coordenador político da Fetquim, Airton Cano, e contou com as saudações de Nilza Pereira, secretária de Comunicação da Fetquim, Lucineide Varjão, presidenta da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ-CUT), além do presidente da Fequimfar (Força Sindical), Sérgio Leite – entidade que participa do Grupo de Trabalho que discute junto com a Fetquim os impactos da reforma trabalhista na Convenção Coletiva.
O coordenado da Fetquim, Airton Cano, avaliou positivamente o seminário. “Conseguimos manter a unidade, mesmo entre as diferentes centrais que compõem a federação. A gente conseguiu alinhar muito bem a pauta. Essa convergência de ideias nos faz avançar na definição dos caminhos que traçaremos para ter um resultado positivo, especialmente em defesa da Convenção Coletiva”.
“Os desafios serão grandes. Há uma necessidade enorme de diálogo e ações conjuntas frente aos ataques do setor patronal”, afirmou Nilza Pereira.
“Companheirismo e Solidariedade: é isso que precisaremos ter a partir de agora que o STF liberou a terceirização irrestrita. Não sabemos o que está por vir, portanto a prioridade desta Campanha Salarial 2018 será manter todos nossos direitos na Convenção Coletiva de Trabalho. A partir de agora ela é a CLT da categoria química do ABC”, enfatizou o presidente do Sindicato, Raimundo Suzart (foto acima).
CCT x Reforma
Fetquim, Fequimfar e CEAG 10 (que representa os patrões) realizaram diversas reuniões para discutir algumas cláusulas da Convenção Coletiva que têm relação com as mudanças feitas na CLT após a reforma trabalhista. Algumas demandas de discussão foram encaminhadas pelos patrões e outras pautadas pela Fetquim. Os dirigentes sindicais repassaram ponto a ponto as propostas de ajustes e puderam propor alterações.
Um dos pontos mais polêmicos trata-se da inclusão de um acordo de compensação de jornada. Na comissão o assunto foi intensamente debatido, teve idas e vindas de propostas sem convergência e ainda seguem em discussão.